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O despautério de Lula

Aquando das eleições presidenciais brasileiras pensava que melhor seria haver um terceiro candidato, ao centro, mas na falta dele, antes o que acabou eleito do que o seu desconcertante desconchavado antecessor.

Até por isso fiquei escandalizado com as declarações que Lula proferiu, na sua recente visita à China, acerca da guerra iniciada e provocada pela Rússia. Referindo-se à Europa, onde se inclui naturalmente Portugal, atribuindo-lhe de forma absolutamente enganadora e falsa responsabilidades pela luta militar insana que se trava na Ucrânia.

Afirmar que a generalidade das nações europeias é pela guerra porque apoia o país invadido, massacrado e devastado, é de uma desfaçatez sem limites. Quem provocou e despoletou o conflito armado foi Putin, tido por amigo do presidente brasileiro. E de Bolsonaro também. Nisso são almas gémeas.

Mas pior foi fazê-lo nas vésperas de chegar a Lisboa e ser recebido no parlamento nacional, creio que com honras a que nenhum outro, que exerça aquelas funções, costumam ser oferecidas. No dia que se comemora o 25 de abril. Ora, quem não condena e branqueia uma invasão e ocupação assassina e destruidora totalmente contrária à carta das Nações Unidas fere e magoa a democracia e o feito que se enaltece nesse dia.

Compreendo que os que têm outras obrigações possam ter posição mais cautelosa. No entanto, certo era escusar a ida à Assembleia da República naquela data histórica e de elevado significado. No mínimo, manifestar pública e assumida discordância com as referidas declarações, impõe-se. Porque quem optou pela imprudência, desrespeito e mostrou clara falta de noção do lado certo da democracia foi o presidente do Brasil.