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O poder dos números

Sempre acreditei que as pessoas acabam por obter o que querem, em maior ou menor grau. E que é portanto importante que as pessoas tenham limites, e pensem, no que verdadeiramente querem…

Em termos gerais, se se elege um governo de direita, obter-se-ão políticas de direita. Se se elege um governo conhecido por ajudar os amigos, os amigos serão ajudados. Se se elege um governo que promove políticas baseadas no cimento e no alcatrão, não nos podemos surpreender que as políticas promovam a cimentização. Quando se promove a desregulação, é normal que deixe de haver regras.

Não há milagres…

Promovem-se as low cost. Mais, subsidiam-se as low cost.

Consequência, há cada vez mais clientes low cost. Há cada vez mais casos de acampamentos selvagens em áreas protegidas, e dentro do aeroporto porque – pasme-se - é mais barato que um quarto de hotel.

Sim é mau para o destino. Mas a verdade é que uma ferida autoinfligida.

Já foi por demais demonstrado, na Europa e aqui, que o modelo dos números está errado. Aumentar a quantidade, especialmente se este aumento for promovido sem critérios, leva a uma queda na qualidade da procura. Aumentar a quantidade da oferta hoteleira – quer em hotelaria, quer em alojamento local – sem critérios, que é o que vem acontecendo, leva a quebras de qualidade, quer em termos de oferta, quer em termos de procura.

O aumento da oferta – de quartos, de carros de aluguer, de navios de cruzeiro – levam a uma desqualificação do destino que só pode ser uma má notícia para qualquer pessoa que observe a realidade a qualquer prazo que não o mais curto.

O caos no Areeiro, e na Ponta de São Lourenço, e no Rabaçal, no Ribeiro Frio, e no Fanal, só se resolve com regulamentação, e com meios para fiscalizar essa regulamentação. Multas e grampos resolvem o estacionamento. Viola as regras, multa e grampo. Quer continuar?

Paga! Esquadra móvel no local… garanto que é sustentável, e que em semanas a questão se resolve.

Efeitos para a imagem? Qual é a imagem que passa do caos que lá existe agora? Que mais é preciso?

A própria internet resolve o caos… já estou a ver os comentários: “os portugueses levam a sério a sinalização existente. Viole as regras de trânsito e sofrerá as consequências”. Isto é má imagem? Ou será a imagem de uma sociedade com regras, e que se quer ordeira e cumpridora?