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Professores, os pilares da sociedade

Normalmente quando escrevo a crónica mensal, a partir de uma determinada ideia, começo a alinhavar umas linhas e quando a coisa começa a tomar forma, arranjo um título que, em síntese, enquadre, arrume e expresse o que desejo transmitir.

Hoje e estamos num dia frio que está nascendo, mas com muito sol, algures no final de Fevereiro, tendo já cumprido com a minha obrigação e compromisso para o mês de Março, quando lia o Diário, pois como diz o slogan...” dia sem Diário, não é dia”..., eis que ao ler um artigo de opinião, deparo com uma referência que me chocou, já lá iremos.

Desta vez , coloquei o título e a partir daqui comecei a desenvolver o meu raciocínio e pensamento.

O assunto está muito actual e é da maior pertinência, que o digam os alunos com aulas aos solavancos e os professores que há anos vivem aos tombos, jogados como se fossem “coisas”, sem o mínimo de respeito pela sua condição e dignidade, e ainda, muito menos pela sua profissão.

Podia dar uma série de exemplos surrealistas e indignos, que me envergonham como ser humano e que nos deviam obrigar, enquanto cidadãos a tomar consciência da gravidade do problema. Atente-se nesta notícia na SIC: - Professora com cancro colocada a 700 km de casa: “Já cheguei a dormir no carro e no dia seguinte fui dar aulas”, Carla tem 4 empregos para pagar as despesas e chegou a dormir ao relento. Não faço comentários, cada um que faça o seu “exame de consciência”.

Aqui e por justiça ressalve-se a diferença, a forma e cuidado que o Governo Regional ao longo dos anos tem tido no tratamento da questão.

Eis que, ao me documentar e analisar o tema, encontrei um artigo do Professor António Galopim de Carvalho que é doutorado em Sedimentologia e Geologia, por coincidência com o mesmo título, dou-vos a minha palavra e ao contrário do que parece ser costume e moda para alguns não copiei nem plagiei, por isso, resolvi manter o meu, até pela abrangência e oportunidade do mesmo.

Já agora aproveito para citá-lo: ... “Devo começar por afirmar que não estou aqui para agradar ou desagradar a quem quer que seja. Estou apenas a revelar a análise que faço de um problema nacional que sempre me preocupou e dizer, uma vez mais a governantes e governados que é necessário e urgente restituir aos professores a atenção, o respeito e a dignidade que a liberdade e a democracia lhes retiraram” ...

Palavras sábias de um Homem de 93 anos, Professor jubilado que “toca na ferida” com toda a propriedade.

Parece um contra-senso e eu nunca tinha pensado nisso, mas, é um facto que antes do 25 de Abril e há que dizê-lo sem receio, o Estatuto e o Respeito que um Professor ocupava e merecia, não tem nada a ver com o que acontece nos dias de hoje.

De quem é a culpa? De todos nós, que permitimos que todos os partidos, sem excepção, não cuidassem e zelassem deste pilar da sociedade!

Mais grave, este mal estar na educação é geral um pouco por toda a Europa e reflecte-se na falta de professores. Em França existem 4 mil vagas por preencher e, na Alemanha, as estimativas apontam um défice de 25 mil professores até 2025. Hoje, em Portugal conheço muitos casos de professores que o seu principal objectivo e concentração é, quantos anos lhes falta para a aposentação. Pudera, qual é a dúvida ou admiração!

Alguém já cuidou de saber e analisar a degradação da educação e dos valores que se verifica, hoje, um pouco por toda a parte, até que ponto está associada a toda esta problemática descrita atrás e que sem dúvida, um dia virá colocar desafios tremendos à sociedade do futuro. Não tenhamos ilusões, mesmo com a Inteligência artificial ...!

Para terminar e indo à tal crónica, onde li e cito: - ...”refiro, um professorzinho da Escola Industrial e Comercial do Funchal, Alberto João Jardim.” ...

Esqueçamos a parte referente a Alberto João Jardim, pois é assunto que não nos diz respeito e com o qual nada temos a ver; mas, que diabo professorzinho...???

Considero-me “um projecto inacabado e incompreendido” enquanto aluno, pois nem sempre as minhas prioridades e desejos foram compatíveis e coincidentes, com as necessidades e responsabilidades inerentes ao compromisso e envolvimento a assumir, mas, desse tempo guardo uma recordação e uma saudade verdadeira e muito sentida dos meus Professores e Mestres (termo que se utilizava também), que me marcaram e formataram para a vida e a quem fiquei eternamente grato.

Nunca tive e tão pouco encontrei “um professorzinho”..., um “doctorzinho” ou até “um enginheirinho”... Sorte a minha e “a cereja no topo do bolo” é que, praticamente todos, tinham direito a anteceder a sua denominação profissional com - Senhor ou Senhora que era um estatuto que não lhes era atribuído, nem em Institutos ou Universidades, mas, ganho e adquirido pela respeitabilidade que eram merecedores. Outras coisas e gentes!