A Guerra Mundo

Compromissos actuais dos aliados só garantem 25 tanques até ao Verão

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Foto DN

O analista militar britânico Ben Barry considerou hoje que a Ucrânia só deverá receber 25 dos 100 tanques pedidos aos países aliados ocidentais até ao verão, condicionando uma ofensiva para recuperar território ou a capacidade de defesa de ataques russos.

Segundo este brigadeiro reformado do exército britânico, atualmente analista no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos britânico (IISS na sigla inglesa), Kiev quer ter pelo menos 10 brigadas blindadas de tanques modernos ocidentais para se defender ou atacar as forças russas, daí ter pedido 100 veículos blindados de combate modernos.  

"Declarações atuais por aliados da Ucrânia forneceriam 25 por cento deste número até ao verão", adiantou hoje durante a apresentação em Londres do Balanço Militar 2023, estudo que avalia as capacidades militares de 173 países em todo o mundo.  

A Ucrânia indicou que vai receber entre 120 e 140 tanques ocidentais, nomeadamente Leopard 2 de fabrico alemão, Challenger 2 britânicos e Abrams norte-americanos. 

Contudo, o calendário de entrega não é claro, e Kiev está preocupada porque poderá não receber os blindados a tempo de repelir uma eventual nova ofensiva russa em grande escala.

Portugal prometeu entregar três tanques Leopard 2 até março.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, revelou na semana passada que uma coligação de países europeus vai enviar para a Ucrânia "por fases" mais de 100 blindados Leopard 1, um modelo mais antigo, e que 20 a 25 exemplares chegarão até ao verão.

Até ao fim do ano, continuou, serão fornecidos pelo menos 80 tanques Leopard 1 e mais 80 até ao primeiro ou segundo trimestres de 2024, quantidade suficiente para armar três batalhões.

Barry admite que o fim do inverno vai facilitar as condições para ataques de ambos os lados, mas quem avançar "expõe-se a contra-ataques". 

Ainda que um fornecimento constante de munições e equipamento dos países ocidentais possa dar à Ucrânia "uma vantagem tática", sublinha que "não é claro que Kiev tenha capacidade de combate suficiente para expulsar rapidamente as forças russas" numa ofensiva.  

Por outro lado, Barry acredita que a Rússia aprendeu lições, pois imagens de satélite mostram as forças russas a construir linhas de defesa, como barreiras contra tanques. 

O objetivo da Rússia a curto prazo, estima, é controlar o "Donbass", a região a leste da Ucrânia, e também as cidades de Zaporijia e Kherson, no sul, anexadas no ano passado, ainda que Moscovo não controle a totalidade destes territórios.

"Não é claro que vão conseguir concentrar unidades suficientes para o conseguir", adiantou, pelo que a estratégia do Kremlin deverá continuar com bombardeamentos de desgaste usando mísseis e drones, incluindo sobre infraestruturas civis ucranianas.