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Maduro acusa oposição venezuelana de trair pátria e aliar-se à Guiana e ExxonMobil

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O Presidente venezuelano acusou sexta-feira vários políticos opositores venezuelanos de se aliarem com Georgetown e a ExxonMobil e de traírem a pátria na reivindicação do Essequibo, território em disputa com a vizinha Guiana.

"Iniciámos numa nova etapa da história. Após 150 anos, despertou uma consciência de justiça, de igualdade e de independência, de exercício da soberania. (...) Vejam como a ultradireita grita", disse Nicolás Maduro.

Maduro falava num comício político, frente ao palácio presidencial de Miraflores, durante o qual assinou vários decretos para recuperar o território da Guiana Essequiba.

"Vejam a reação do imperialismo e da direita de desrespeitar a vontade do povo, o exercício da soberania popular. (...)A casta oligárquica da ultradireita presta-se mais uma vez contra o seu próprio país e isso chama-se traição à pátria", disse.

Maduro frisou: "Aí estão os Capriles [Henrique], os Leopoldo López, os Júlios Borges, a 'Machada' [Maria Corina Machado, vencedora das primárias da oposição], Guaidó [ex-presidente do parlamento], a falarem contra o povo e a apoiarem a ExxonMobil e a Guiana".

"Apelo ao povo para que os denuncie em cada rua, comunidade. Basta de traição", disse Maduro.

O governante questionou as recentes declarações do Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luís Almagro, que na quinta-feira classificou como "ilegal e ilegítimo" o referendo de 03 de dezembro, sobre a região do Essequibo, convocado por Caracas.

"A casta corrupta da ultradireita oligárquica e os seus comparsas no mundo saem para apoiar a ExxonMobil. Luís Almagro, Secretário-geral, 'general assassino' da OEA, 'escumalha' que apoiou [Juan] Guaidó, que apoia [Maria Corina] Machado, Júlio Borges e que diz que não temos direito sobre a Guiana Essequiba", disse.

Maduro disse ainda que saiu também o "clube de ex-presidentes fracassados" a divulgar uma carta dizendo que o Essequibo pertence à Guiana, encabeçados pelo "narco-paramilitar, assassino" Iván Duque [Colômbia].

Entre os assinantes da carta, referiu Sebastián Piñera [Chile], Andrés Pastrana [Colômbia], Mário Abdo Benítez [Paraguai], Mauricio Macri [Argentina], Vicente Fox [México], Jorge Tuto Quiroga [Bolívia], entre outros.

"O secretário do Governo dos Estados Unidos também veio a público dizer que os venezuelanos têm de aceitar a sentença arbitral de Paris de 1899, (...) nunca me renderei ao império, nunca nos renderemos ao imperialismo americano, que ninguém se engane com a Venezuela", disse.

O Ministério Público da Venezuela emitiu quarta-feira mandados de detenção contra 14 pessoas, quatro delas da equipa da opositora Maria Corina Machado, por alegados vínculos com uma conspiração nacional e internacional contra o país.

O anúncio foi feito pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, precisando que foram emitidos mandados de detenção contra Roberto Abdul, Henry Alviárez, Pedro Urruchurtu e Claudia Macero, que integram a equipa de Maria Corina Machado.

Foram ainda emitidos mandados de captura contra os políticos opositores Jhon Goicochea, Juan Guaidó, Júlio Borges, David Smolanski, Carlos Vecchio e Leopoldo López, identificados como "operadores no estrangeiro".

Outros mandados foram emitidos contra o norte-americano Savoi Jandon Wright, o advogado e ativista venezuelano Lester Toledo, o ex-ministro do Turismo do chavismo Andrés Izarra e o ex-presidente da empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), Rafael Ramírez.

A região de Essequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como "zona em reclamação", está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.

Com uma extensão de 160 mil quilómetros quadrados e rico em minerais, Essequibo está sob administração da Guiana, com base num documento assinado em Paris, em 1899, que estabelece limites territoriais que a Venezuela não aceita.