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ONG acusa Governo e rebeldes de usarem a água como arma de guerra no Iémen

Foto anasalhajj / Shutterstock.com
Foto anasalhajj / Shutterstock.com

A organização Human Rights Watch (HRW) acusou hoje os rebeldes xiitas Huthis do Iémen e o Governo reconhecido pela comunidade internacional de usarem a água como arma de guerra contra os habitantes de uma cidade no sudoeste do país.

De acordo com a organização não-governamental (ONG), trata-se da cidade de Taiz, capital da província com o mesmo nome, no sudoeste do país, que tem mais de 940 mil habitantes e é controlada pelas forças governamentais.

A cidade está sitiada por rebeldes Huthis desde o início da guerra do Iémen há oito anos.

A HRW denunciou, num comunicado, que "os Huthis transformaram a água em Taiz numa arma, ao bloquear o seu fluxo para a cidade, enquanto forças ligadas ao governo do Iémen já venderam água do abastecimento público aos residentes para o seu próprio benefício".

A ONG publicou um relatório de 45 páginas sobre a situação em Taiz, intitulado "A morte é mais misericordiosa do que esta vida: Violações do direito à água pelos governos Huthi e iemenita em Taiz", que conclui que as partes em conflito criaram "uma situação desesperadora" em toda a área.

No documento, a HRW apela às partes para que tomem "medidas imediatas em coordenação com os líderes comunitários e a sociedade civil local, para permitir que a Corporação Local de Água e Saneamento de Taiz e as organizações não-governamentais tenham acesso, reparem e operem infraestruturas de água nas áreas" da linha de frente do conflito e em território controlado pelos Huthis.

"A água não deve ser usada como arma de guerra. Os Huthis e o Governo do Iémen devem tomar medidas imediatas para permitir um maior abastecimento de água na rede pública", acrescentou Niku Jafarnia, investigador da HRW para o Iémen e o Bahrein.

A guerra no Iémen começou em 2014, quando os Huthis, apoiados pelo Irão, pegaram em armas contra o governo iemenita reconhecido internacionalmente e controlaram a capital, Sana, e grandes regiões do norte, centro e oeste do país.

A intervenção no conflito iniciado em 2015 por uma coligação militar árabe, liderada pela Arábia Saudita, em apoio ao Governo, agravou a situação no país, que sofre a pior catástrofe humanitária do planeta, segundo a ONU.