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ONU acusa israelitas e Hamas de crimes de guerra

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O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos afirmou hoje que Israel e o movimento islamita Hamas cometeram crimes de guerra durante o conflito que travam desde 07 de outubro, esperando que os responsáveis sejam levados à justiça.

"As atrocidades perpetradas por grupos armados palestinianos em 07 de outubro foram hediondas, brutais e chocantes. Foram crimes de guerra, assim como a manutenção contínua de reféns", disse Volker Türk durante uma conferência de imprensa no Cairo.

Da mesma forma, indicou que "a punição coletiva de civis palestinianos por parte de Israel também constitui um crime de guerra, tal como a retirada forçada e ilegal de civis", em relação aos apelos das autoridades israelitas para que os habitantes de Gaza se dirijam para o sul da Faixa de Gaza.

"Espero que encontremos um desfecho e levemos os culpados à justiça", disse o alto comissário.

Da mesma forma, lamentou que "os massivos bombardeamentos de Israel tenham matado, mutilado e ferido especialmente mulheres e crianças", apontando que num mês de guerra mais de 10.500 pessoas morreram no enclave, incluindo mais de 4.300 crianças e 2.800 mulheres, segundo dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007

"Caímos de um penhasco. Isto não pode continuar", lamentou o dirigente da ONU, que visitou hoje a passagem de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito e é o único posto fronteiriço onde é possível circular ajuda humanitária para o enclave.

Turk também insistiu que "o mundo não pode permitir-se a padrões duplos" e que "padrões universais" devem prevalecer para enfrentar esta guerra, como as leis internacionais de direitos humanos e o direito humanitário internacional.

"Estas regras são claras: as partes no conflito têm a obrigação de assegurar constantemente a proteção da população civil e dos bens civis, o que permanece aplicável durante os ataques", disse Türk, acrescentando que "as ações de uma parte não isentam a outra das suas obrigações".

Relativamente à resolução do conflito, o alto comissário da ONU defendeu que é de extrema importância permitir "que o espaço político implemente um fim duradouro à ocupação", baseado nos direitos dos palestinianos e israelitas "à autodeterminação".

"Já não é suficiente dizer simplesmente que a ocupação de 56 anos deve acabar. A comunidade internacional deve participar na procura de um futuro justo e equitativo para os povos palestiniano e israelita", afirmou o responsável pelos direitos humanos das Nações Unidas.

O Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza antes de iniciar uma incursão terrestre no enclave e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.