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Madeira

Jardim muda de opinião sobre Chega e vê "grande frente" à direita

Ao semanário Expresso, ex-líder social-democrata acredita que a 'raiva' do partido de André Ventura parece ter acalmado

Foto Arquivo/Aspress
Foto Arquivo/Aspress

Alberto João Jardim vê mudanças na 'raiva' do Chega, liderado por André Ventura, e por isso entende que há possibilidade do PSD formar uma "grande frente" dos partidos de direita para recuperar o poder nas próximas eleições legislativas nacionais de 10 de Março de 2024.

Na celebração do 25 de Novembro que hoje se assinalou em Câmara de Lobos, o ex-líder social democrata na Madeira e histórico presidente do Governo Regional da Madeira é citado pelo semanário Expresso "sobre uma aliança de toda a direita, entre o PSD, o CDS e o Chega", acreditando que "se a solução é esta, vamos a esta".

Diz a notícia do Expresso que "neste momento, é preciso ver que tipo de bloco é possível fazer entre o CDS e o PSD, que contributo ambos podem dar para fazer um grande partido de massas ao centro-direita", proposta de Jardim lançada enquanto decorre o 41.º Congresso do partido, que defende não só uma aliança aos centristas, actualmente fora do parlamento, "mas também uma coligação com os novos concorrentes". E diz: "Eu hoje defendo que deve haver uma grande frente, incluindo o próprio Chega, para derrotar o socialismo e o comunismo."

E vai mais longe, incluindo nessa opção uma presença no executivo nacional. "Se for preciso uma coligação governamental, defendo que seja feita", diz ao Expresso. Recorde-se que, recentemente nas eleições legislativas regionais o PSD que liderou durante 38 anos recusou aliar-se ao Chega, preferindo o PAN. No mesmo período em que Miguel Albuquerque dava esta nega a André Ventura, também o líder nacional social-democrata reafirmava não contar com o Chega para o futuro.

Só que o futuro chegou mais cedo e, agora, perante a iminência de eleições antecipadas, Jardim junta-se às vozes sociais-democratas que já defendiam a necessidade de aproveitar a ascensão do Chega e tem "argumentos na manga". E explica: "Neste momento, estão partidos de extrema-direita em vários governos da Europa. Em nenhum deles se verificou qualquer atentado à democracia ou violação da normalidade democrática. Estão ali, direitinhos, a cumprir a Constituição. Não se derrota a extrema-direita com as tiradas da esquerda. Derrota-se, obrigando-a a cumprir o jogo democrático e esvaziando-a dentro do jogo democrático."

A revelação ao Expresso é reforçada: "A direita democrática só derrotará a esquerda e a extrema-direita se, perante a derrota da esquerda, colocar a extrema-direita numa área de poder em que esta cumpre a Constituição e deixa de ser qualquer tipo de ameaça."

Lembrando que durante as suas maiores absolutas na Madeira "durante 40 anos é porque soube ser pragmático. Se a solução é esta, vamos para esta", argumenta. "O CDS era o Chega. Os seus quadros não tinham nada a ver com a extrema-direita, mas as bases eram o que hoje é o Chega. No dia em que apareceu o Chega, mudaram-se de armas e bagagens para o seu lugar natural".

Alberto João Jardim olha à História para continuar a justificar esta proposta renovada. "Portugal foi feito por três grandes instituições: a Igreja, as Forças Armadas e a Universidade. Retiraram-se todas. Aburguesaram-se todas. E a sociedade, como a física, não mantém vazios. Criámos, alegremente, uma religião oficial do Estado: o socialismo. Os seus seguidores são-no por fervor ou clubismo. E está é uma degradação da política portuguesa. Os grandes responsáveis? Os portugueses. E porquê?", questiona.

O antigo líder, que chegou a demitir-se num dos seus mandatos, lembra que "depois de Mário Soares não ter chegado ao fim de nenhum dos seus governos, de Guterres ‒ que está hoje nas Nações Unidas sem ter resolvido um problema no mundo ‒ ter abandonado as funções de primeiro-ministro deixando o país num pântano, de Sócrates, que foi o que foi, e de Costa, que sai acusado de ser investigado, continua-se a acreditar no socialismo? Só pode ser um fenómeno religioso, não?", insiste.

Voltando-se novamente para dentro, diz a terminar que "o PSD não voltou a ser o antídoto que foi em relação ao socialismo e ao comunismo, como foi quando era um partido de massas", pois entende que "não se pode combater partidos de massas sem sermos um partido de massas. E o PSD já não é um. Não se consegue derrotar partidos de dialética marxista sem trabalharmos nós próprios a nossa dialética". E conclui: "Um populismo de massas, um movimento que chame os portugueses ao que os portugueses querem. É preciso acabar com a vergonha da compra de votos com dinheiros públicos. O Partido Socialista criou uma clientela de gente que não gosta nem quer trabalhar, que implicou ir buscar imigrantes e que destruiu a classe média só para sustentar esse eleitorado."