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França condena envolvimento da Rússia em actos anti-semitas no país

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O Governo francês condenou ontem o envolvimento do portal russo Recent Reliable News (RRN) na divulgação de fotos da estrela de David, que foram grafitadas no arrondissement (bairro) 10 de Paris.

"Quanto aos factos em si, a investigação judicial em curso deve determinar a possível responsabilidade de um patrocinador estrangeiro", defendeu, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Os graffitis da estrela de David apareceram nas fachadas de casas e empresas de judeus.

Em 06 de novembro, os serviços estatais responsáveis pela proteção contra interferências digitais estrangeiras (VIGINUM) detetaram 1.095 'bots' (aplicação concebida para simular ações humanas) na rede social X (ex-Twitter), que realizaram 2.589 publicações para alimentar esta polémica.

"A VIGINUM considera, com um elevado grau de confiança, que os 'bots' em causa estão ligados ao sistema RRN, tendo em conta que uma das suas principais atividades consiste em redirecionar utilizadores para 'sites' do sistema RRN", indicou, em comunicado.

As primeiras publicações, feitas pelo RRN, ocorreram em 28 de outubro, sendo que "a primeira publicação autêntica das fotos parece ter ocorrido em 30 de outubro".

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em causa está "uma operação de interferência digital russa contra França", que tem por objetivo "explorar crises internacionais para semear a confusão e criar tensões no debate público".

O Ministério do Interior revelou que, esta semana, foram realizados mais de 1.100 atos antissemitas em França, o dobro do valor acumulado ao longo de 2022.

A Associação dos Autarcas de França (AMF) convocou hoje manifestações contra o antissemitismo em toda a França, que vão decorrer no domingo, no mesmo dia em que decorre uma marcha em Paris.

"É a unidade da nossa nação que está em jogo e todos os cidadãos devem defendê-la", apontou a AMF, em comunicado.

O presidente do Senado, Gérard Larcher, e o presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, apelaram hoje ao fim das "controvérsias inúteis" em torno da manifestação que vai decorrer na capital.

"Marchar este domingo é uma abordagem individual, independente e cívica [...]. Este momento de unidade nacional é um dever", acrescentaram.

França tem as maiores comunidades judaica (500.000) e muçulmana (cerca de seis milhões) da Europa.

Desde o início da guerra entre o Hamas e o Israel, os atos antissemitas aumentaram no país.