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Conflito em Gaza estará em foco durante presidência chinesa do Conselho de Segurança da ONU

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A China detém em novembro a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), durante a qual estará em destaque o conflito em Gaza, com as autoridades chinesas a procurar um cessar-fogo.

O embaixador chinês junto à ONU, Zhang Jun, apresentou hoje à imprensa a sua agenda para o mês, indicando que uma das prioridades da sua presidência será resolver o conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, nomeadamente o conflito em Gaza, que ameaça estender-se à restante região do Médio Oriente.

"O Conselho tem-se concentrado nesta questão há algumas semanas e continuará a ser o foco do trabalho do Conselho e também da presidência chinesa", assegurou, acrescentando que apelará a um cessar-fogo, à proteção dos civis e à prevenção de uma ainda maior catástrofe humanitária.

Jun admitiu que o impasse que o Conselho de Segurança atravessa "é dececionante", uma vez que já foram a votos quatro projetos de resolução sobre o conflito em Gaza desde o ataque do Hamas, mas não se conseguiu alcançar consenso em nenhuma dessas ocasiões, rejeitando todos os projetos.

Ainda sobre esta questão, o diplomata chinês insistiu na necessidade de se continuar a construir consenso, elogiando o trabalho que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem feito nesse sentido, defendendo a implementação da solução de dois Estados como a única capaz de levar a uma paz duradoura entre Israel e a Palestina.

Porém, a China posicionou-se contra qualquer ideia de desenhar um futuro para Gaza que não tenha em conta o consentimento dos próprios palestinianos.

Questionado sobre o envio de uma força multinacional para Gaza - seja "capacetes azuis" da ONU ou uma força multinacional de outra natureza - após o fim da guerra atual, Zhang Jun esclareceu que este aspeto não está atualmente na agenda do Conselho de Segurança, que está agora focado em discutir um quinto projeto de resolução.

"O que quer que afete os palestinianos deve ter o seu consentimento, ninguém pode decidir em seu nome", alertou.

Questionado sobre se a China pode ter alguma influência sobre o Hamas ou os seus aliados, como o Hezbollah ou o Irão, Jun foi evasivo e optou por declarar que o seu país "não é tão influente" como alguns jornalistas acreditam. 

Durante novembro, outros temas relacionados com o Médio Oriente serão debatidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas, como o Líbano, Síria ou Iémen, assim como assuntos relacionados com África, como a Líbia, Sahel, Sudão e Sudão do Sul , República Centro-Africana ou Somália.

O Conselho deverá realizar este mês o seu debate semestral sobre a Bósnia e Herzegovina e votar a reautorização da força de estabilização multinacional liderada pela União Europeia.

Também é provável que se realizem reuniões sobre a Ucrânia, Coreia do Norte e Afeganistão.

A China planeia organizar um evento especial durante a sua presidência mensal, que se concentrará na relação entre paz, segurança e desenvolvimento, e que deverá contar com a presença de António Guterres.

Em novembro, o Conselho de Segurança realizará ainda seu 'briefing' anual com os chefes das componentes policiais das operações de paz da ONU. 

"Adotaremos uma abordagem muito responsável, construtiva, objetiva e inclusiva na execução do trabalho da presidência chinesa", disse Zhang Jun aos jornalistas, em Nova Iorque.