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A Guerra Mundo

Presidente ucraniano critica "vozes estranhas" nos EUA que contestam apoio a Kiev

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Foto Lusa

O Presidente ucraniano criticou hoje "as vozes estranhas" nos Estados Unidos, num pré "período eleitoral difícil", que contestam o apoio financeiro à Ucrânia, após os Republicanos no Congresso terem colocado em causa a continuidade desse apoio.

"Claro que é um período [pré] eleitoral difícil para os Estados Unidos, com vozes diferentes, algumas muito estranhas", reagiu Volodymyr Zelensky falando à chegada à terceira cimeira da Comunidade Política Europeia, que se realiza na cidade espanhola de Granada.

No dia em que cerca de 50 líderes de países da Europa discutem o apoio europeu a Kiev, Volodymyr Zelensky foi questionado sobre a contestação da ala republicana mais radical, ligada ao ex-presidente e pré-candidato à presidência, Donald Trump, sobre os compromissos assumidos pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, relativamente à Ucrânia.

"Acabámos de ter mais dias de uma guerra em grande escala [...] e penso que temos de trabalhar com os Estados Unidos", disse o chefe de Estado ucraniano.

Recordando que esteve em Washington este ano, Volodymyr Zelensky lembrou o compromisso de Joe Biden de "100% de apoio através da Casa Branca e também o apoio bipartidário no Congresso", que classificou como "importante".

Isto dias depois de a Ucrânia ter anunciado que está a analisar com a Casa Branca a situação criada pelo Congresso norte-americano que, para evitar a paralisação do Governo, aprovou uma lei de financiamento temporário que não inclui novas ajudas a Kiev.

Questionada na mesma ocasião sobre este anúncio norte-americano, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar "muito confiante no à Ucrânia por parte dos Estados Unidos".

"Aqui na União Europeia estamos a trabalhar num pacote de 50 mil milhões de euros para a Ucrânia para o período de 2024-2027 e isto é muito importante porque a Ucrânia precisa de previsibilidade e fiabilidade no apoio orçamental direto".

Já o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, admitiu que a contestação norte-americana "não era certamente esperada nem uma boa notícia".

"Esperamos que não venha a ser uma posição definitiva dos Estados Unidos. A Ucrânia precisa do apoio da União Europeia, que certamente terá e que será reforçado, mas o apoio dos Estados Unidos também é uma esperança para os ucranianos", concluiu o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

Perto de 50 líderes de países da Europa reúnem-se hoje em Granada para debater o futuro do continente em mais uma cimeira da Comunidade Política Europeia, um fórum criado em 2022, após a invasão russa da Ucrânia.

O encontro é organizado pela presidência espanhola do Conselho da União Europeia (UE), que decorre durante o segundo semestre deste ano, e ocorre na véspera de uma reunião informal, também em Granada, do Conselho Europeu, onde têm assento os líderes dos 27 países do bloco comunitário.

O objetivo é que os debates de Granada entre os líderes europeus lancem as bases do futuro europeu, a Europa que se pretende para a próxima década.

Na reunião da Comunidade Política Europeia estarão delegações de cerca de 50 países, incluindo os 27 da UE e os presidentes da Comissão e do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e Charles Michel, respetivamente.

A Ucrânia é um dos países da Comunidade Política Europeia e, como outros Estados desta comunidade, é um candidato formal a entrar na UE.

O alargamento da UE é, precisamente, um dos temas em cima da mesa nas cimeiras desta semana de Granada.

Este será o terceiro encontro da Comunidade Política Europeia, um fórum intergovernamental para debater questões políticas e estratégicas relacionadas com o futuro da Europa criado na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, e de uma ideia lançada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.