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Israel boicota Web Summit Lisboa após palavras do seu fundador sobre conflito com Hamas

Oirlandês Paddy Cosgrave acusou os israelitas de cometerem "crimes de guerra" na sua luta contra o Hamas
Oirlandês Paddy Cosgrave acusou os israelitas de cometerem "crimes de guerra" na sua luta contra o Hamas, Foto EPA

Israel cancelou a sua participação na Web Summit em Lisboa, na sequência das declarações do seu cofundador, o irlandês Paddy Cosgrave, onde acusou os israelitas de cometerem "crimes de guerra" na sua luta contra o Hamas.

O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, revelou hoje que informou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, de que o seu país irá falhar uma das maiores conferências tecnológicas do mundo devido às "declarações ultrajantes" de Cosgrave.

"Dezenas de empresas já cancelaram a sua participação nesta conferência e encorajamos outras a fazê-lo", realçou o diplomata, numa nota na rede social X (antigo Twitter).

Na mesma rede social, Cosgrave escreveu, em 13 de outubro, uma publicação que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de empresas tecnológicas israelitas.

"Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são", destacou Paddy Cosgrave.

Em reação, o embaixador israelita defendeu que, "mesmo nestes tempos difíceis", Cosgrave "é incapaz de deixar de lado as suas opiniões políticas extremistas e denunciar as atividades terroristas do Hamas contra pessoas inocentes".

"Devemos ter tolerância zero em relação aos atos terroristas e de terror", sublinhou ainda Dor Shapira.

Também muitos utilizadores da rede social X reagiram às publicações do cofundador da Web Summit com críticas, partilhado a 'hashtag' #cancelwebsummit.

Após seu comentário original, Cosgrave publicou outras mensagens nas quais afirmava que as ações do grupo islâmico Hamas são "ultrajantes e repugnantes" e "um ato de mal monstruoso" e que, embora Israel tenha o direito de se defender, não tem o direito de "violar o direito internacional".

"Estamos devastados por ver as terríveis mortes e o nível de vítimas civis inocentes em Israel e Gaza. Condenamos os ataques do Hamas e expressamos as nossas mais profundas condolências a todos aqueles que perderam os seus entes queridos. Aguardamos com expectativa uma reconciliação pacífica", apontou já hoje Cosgrave.

Nesta última mensagem, o empreendedor recebeu inúmeras respostas "tarde demais".

A Web Summit foi fundada em 2009 e decorreu em Dublin até 2016, altura em que se mudou para Lisboa, onde no ano passado acolheu mais de 71 mil pessoas de 160 países.

A próxima edição será realizada entre os dias 13 e 16 de novembro.

Além disso, a empresa também organiza as conferências Collision, em Toronto, e Rise, em Hong Kong, além de eventos Web Summit no Rio de Janeiro e Doha.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel está "em guerra" com o Hamas.

Telavive tem vindo a reunir tropas junto ao território da Faixa de Gaza, enclave controlado pelo grupo islamita desde 2007, em preparação para uma provável ofensiva contra o Hamas.