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Bolsonaro faz campanha na ida ao funeral de Isabel II

Foto Albari Rosa/AFP
Foto Albari Rosa/AFP

O Presidente do Brasil viajou hoje para Londres para o funeral de Isabel II e fez um comício de campanha para as eleições presidenciais de outubro, junto da embaixada, e foi criticado pelo também candidato Lula da Silva.

Segundo relatou a agência Associated Press (AP), Jair Bolsonaro discursou perante cerca de 200 apoiantes junto à embaixada do Brasil em Londres e salientou que as sondagens que atribuem a vitória nas eleições presidenciais de 02 de outubro ao antigo chefe de Estado Lula da Silva estão erradas. Bolsonaro está em Londres, naquela que é a sua primeira visita de Estado ao Reino Unido, para assistir às cerimónias fúnebres da rainha Isabel II, uma viagem de quatro dias que, segundo refere a AP, é vista pelos seus apoiantes como uma oportunidade para influenciar alguns eleitores e contrariar a imagem de que o líder brasileiro está isolado em relação a outros líderes mundiais.

No seu discurso na capital inglesa, Bolsonaro garantiu que vai ganhar as eleições: "Não existe tal coisa como não ganhar na primeira volta", afirmou o chefe de Estado do Brasil, citado pela agência Efe. Bolsonaro pôs ainda em causa a fiabilidade do atual sistema eleitoral no Brasil, apesar de não ter havido alegações de fraude desde que este foi introduzido em 1996, e insistiu na sua agenda ideológica, salientando que a maioria dos brasileiros não aceita discutir a legalização do aborto, a descriminalização das drogas e a chamada "ideologia do género".

Lula da Silva, ex-presidente brasileiro, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, e que está à frente nas sondagens, considerou "louvável" que Bolsonaro assista ao funeral da rainha, mas condenou o aproveitamento da viagem para "fazer discursos" e "criticar a esquerda". "Não seria melhor para o genocida visitar famílias de pessoas que morreram de covid?" questionou hoje o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) durante um comício de campanha em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina.

Após o funeral de Isabel II, na segunda-feira, está prevista uma viagem de Jair Bolsonaro para Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, para discursar na Assembleia-Geral das Nações Unidas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o discurso de Bolsonaro em Nova Iorque terá provavelmente uma abordagem eleitoral: "É chefe de Estado e de governo, mas também candidato à reeleição. Esta separação é necessária, mas nem sempre perfeita", disse o embaixador da ONU no Brasil, Paulino Neto, citado pela AP.

Bolsonaro terá ainda como objetivo com esta deslocação mostrar que não está isolado nem à margem de outros líderes mundiais. "O que Bolsonaro quer é mostrar que pode assegurar alguma estabilidade e previsibilidade em termos de valores, e responder às críticas dizendo que está isolado no mundo. E Nova Iorque irá dar-lhe um palco global. Ele assegurará as manchetes por alguns dias", considerou, citado pela AP, o professor de negócios estrangeiros na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, Oliver Stuenkel.