Madeira

PAN fez roteiro pela Ribeira Brava

None

O PAN Madeira, nomeadamente a sua estrutura da Ribeira Brava, continuou o 'Roteiro de Verão', agora pelo concelho da Ribeira Brava, que tem "cerca de 13 mil habitantes e que se caracteriza pelas imensas belezas naturais, destacando o famoso vale da Ribeira Brava", elogia, antes de atacar os problemas.

"Iniciamos esta viagem ouvindo a população da freguesia do Campanário, uma freguesia maioritariamente rural. Uma queixa generalizada pelos fregueses foi da falta de parque infantil, algo que vem a ser reivindicado pela população há muito tempo. Tendo em conta a baixa natalidade no Concelho da Ribeira Brava, o PAN Ribeira Brava considera que é imperiosa criar incentivos e estruturas para fixar e atrair população. Apostaríamos sem dúvida na criação de espaços de lazer - parque infantil - espaço de atividade física – parque de convívio intergeracional - de modo a proporcionar às famílias qualidade de vida assente em bons momentos de convívio", identifica.

"Um outro problema levantado pela população é a falta de ecopontos na freguesia, algo que, ouvindo munícipes em diferentes freguesias, constatámos tratar-se de uma lacuna transversal ao concelho. Perante isto, apresentámos a questão à presidência, incrédulos, em pleno ano 2022, com as crescentes preocupações ambientais e de salubridade, como é que é possível negar ou dificultar o acesso dos munícipes a ecopontos", acrescenta.

"Ouvimos da população vontade em separar o lixo, contudo não existindo ecopontos disponíveis para as colocações desse lixo o PAN Ribeira Brava lança o apelo à Câmara Municipal que invista na criação de ecopontos, tratando-se de uma questão ambiental urgente e da vontade das populações deste concelho", pedem.

"Fomos também ao interior desta freguesia, ao ignorado Lugar da Serra. Neste sítio, a população queixou-se maioritariamente dos problemas de alcoolismo e drogas que afligem as famílias locais. Tendo em conta que neste sítio existe um Centro Comunitário gerido pelo Instituto de Segurança Social da Madeira, consideramos que, e apesar do fantástico trabalho desenvolvido pelas técnicas que lá trabalham, deveria haver psicólogos que prestassem mais apoio a estas famílias, levando, assim, um apoio direto a esta população que, de outra forma, vê apenas no centro de saúde da Ribeira Brava como alternativa, a uma enorme distância, num concelho que tem como problema o serviço de transportes públicos", aponta.

"Seguimos viagem até à baixa do concelho, na freguesia da Ribeira Brava. Aqui, as maiores preocupações centravam-se no desvio de pessoas do centro da vila, que afetam os negócios aqui instalados e a injusta distribuição de apoios sociais, havendo relatos, pelos munícipes, que a Câmara oferece esses mesmos apoios a quem de facto deles não precisa, excluindo tantas vezes destes aqueles que verdadeiramente necessitam de apoio", realçam. Por isso, "o PAN-Ribeira Brava defende um maior rigor na distribuição dos apoios sociais".

"Confirmado pelos últimos censos, Tabua e Serra d'Água são duas freguesias que perderam bastante população, agravando o risco de envelhecimento demográfico e abandono rural, particularmente perigoso em áreas recorrentemente ardidas em incêndios florestais. São freguesias rurais, onde o sector primário, consequentemente, predomina, com uma agricultura maioritariamente de subsistência e de monocultura como a banana, onde a construção/ recuperação de caminhos agrícolas e de acesso às residências é um pedido das populações. Na Tabua, por exemplo, é muito preocupante a saúde financeira das famílias expostas à precariedade do setor", lamentam.

"O PAN Ribeira brava considera crucial que o município se chegue à frente na prestação de serviços públicos essenciais – como levar o saneamento básico às zonas altas da freguesia e proceder à limpeza das veredas e proceder à recolha do lixo de forma mais amiúde", propõem.  "Apesar de algum apoio social existente na freguesia da Tabua, esta tem-se desenvolvido essencialmente por privados, os mesmos são manifestamente insuficientes para cobrir as necessidades da população, principalmente ao nível da saúde".

Mais, a Serra d'Água, "por sua vez, e após ter sido fortemente fustigada pelo temporal de 20 de fevereiro, não obstante alguma recuperação na área habitacional, o investimento municipal tem sido quase inexistente, deixando a população residente à sua mercê, principalmente no apoio à recuperação dos campos agrícola e respetivos acessos. Sendo este um anseio das populações principalmente nos sítios do Boqueirão e da Rocha Alta", refere. "Também a construção dum corredor verde ao longo da ribeira e a recuperação dos miradouros da freguesia são anseios da população da Serra d'Água".

O ponto de situação continua. "Tudo isto são razões para a população mais jovem não se sentir minimamente atraída por ficar, nem sequer se interessar pelo setor agrícola caraterizado pela dureza do trabalho, pela burocracia e demora, que tantas dificuldades criam no acesso a apoios financeiros".

Além disso, "de forma geral o concelho da Ribeira Brava, é um concelho empobrecido e envelhecido, com sucessivas falhas na recuperação e revitalização do seu território, onde na área ambiental é notória a falta de um planeamento de conservação eficaz, como por exemplo a recuperação/ preservação da sua orla costeira, nas zonas da sua competência municipal, tendo como exemplo flagrante o Cais da Lapa, área que deveria ser classificada como património natural, estando neste momento a ser alvo de uma avidez imobiliária completamente descontrolada e prejudicial a toda a biodiversidade ali existente".

Embora o PAN Ribeira Brava considere "um problema a existência de tão grande eucaliptal nas serras do concelho - defendendo a sua mudança por espécies autóctones, pois se assim não for, por ação da diminuição da quantidade de chuva (consequência das Alterações climáticas) poderemos ter de volta os incêndios", refere também "o fraco planeamento dos jardins municipais, escolhendo mal os sítios onde plantar e a insistência em relva leva a um maior custo financeiro nas suas manutenções. Os últimos dragoeiros em estado selvagem que deveriam ser protegidos, promovidas que são emblema do município estão esquecidos, ou até mesmo têm sido abatidos".

Apontando o dedo, critica que "demasiado focados na vila, os governantes da Ribeira Brava criaram um concelho díspar e desconecto. Parece impossível que existam freguesias deste município que nem um ponto de multibanco possuam. Sem qualquer coordenação ou visão estratégica para este concelho, que deveria ser bandeira do que melhor a Madeira tem para oferecer, conclui-se que o falhanço no setor social, ambiental e patrimonial é evidente e que este tem afastado os jovens das suas freguesias, do concelho e em demasiados casos da Madeira. Esta partida de jovens, apenas não é muito mais grave graças aos nossos compatriotas que que em boa hora têm regressado da Venezuela". 

Conclui, acreditando que "a Ribeira Brava pode inverter a tendência atual de envelhecimento/ diminuição da população, se tivermos a capacidade de juntar às belas paisagens e ao sol abundante do concelho uma estratégia de desenvolvimento assente no desenvolvimento sustentável e na melhoria da qualidade vida das populações do concelho".