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Diálogo com China e Coreia do Sul é chave para estabilidade

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Foto EPA

O primeiro-ministro japonês defendeu hoje que conversações com o líder chinês são fundamentais para a paz e a estabilidade regionais e internacionais, quando aumentam as tensões relacionadas com disputas territoriais e a atividade militar em torno do Japão.

"É importante manter relações estáveis e construtivas" entre o Japão e a China, declarou Fumio Kishida num debate de líderes partidários em Tóquio, antes das eleições legislativas de 10 de julho.

Questionado sobre uma possível cimeira com o Presidente chinês, Xi Jinping, quando se assinalar o 50.º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países, em setembro, Kishida disse que nada foi decidido, acrescentando: "O diálogo é importante -- em termos concretos".

O Japão encara a atividade militar cada vez mais assertiva da China nos mares do Leste e do Sul da China como uma ameaça a algumas das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.

Tóquio está especialmente preocupada com a atividade militar e da guarda costeira chinesa no mar da China oriental perto das ilhas Senkaku, controladas pelo Japão, que Pequim também reivindica e às quais chama Diaoyu.

O Governo japonês indicou hoje que protestou junto de Pequim depois de descobrir que a China instalou uma nova plataforma de extração de petróleo numa área contestada do mar da China oriental.

Segundo Kishida, tendo em conta o agravamento da situação da segurança na região, é igualmente importante o diálogo com a Coreia do Sul, apesar das relações conturbadas decorrentes das ações do Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

Inquirido sobre uma eventual reunião com o novo Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, quando os dois líderes se deslocarem a Madrid, a 29 e 30 de junho, para participar na cimeira da NATO, Kishida voltou a dizer que não há nada decidido, "mas o diálogo é importante".

O chefe do executivo japonês sustentou que relações estáveis entre as duas partes dependem de esforços de Seul para solucionar as suas disputas, incluindo uma sobre decisões judiciais sul-coreanas sobre indemnizações a trabalhadores coreanos em fábricas japonesas em tempo de guerra.

Kishida disse ainda que dará prioridade a políticas para aliviar o aumento dos preços da energia e dos produtos alimentares desencadeado pela invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro.

A campanha oficial para a eleição de cerca de metade da câmara alta do parlamento japonês, a que tem menos poderes das suas duas câmaras, inicia-se na quarta-feira, sendo esperados mais de 500 candidatos.

O Partido Democrático Liberal de Kishida, no poder, incluiu um acentuado aumento da capacidade e da despesa militares no seu programa eleitoral.

"Protegerei as vidas e os meios de subsistência das pessoas", sublinhou Kishida que, com um índice de apoio popular de cerca de 60%, se espera obtenha a vitória eleitoral para o seu partido, o que poderá permitir-lhe manter-se ininterruptamente no poder por mais três anos.

Segundo os analistas, Fumio Kishida manteve a sua popularidade em grande parte evitando políticas polémicas, enquanto contava com a ajuda da desaceleração do número de infeções de covid-19 e do aumento das preocupações com a segurança, após a invasão russa da Ucrânia.