Madeira

Governo Regional e expropriados sem acordo

A conclusão da 1.º fase da obra do Hospital Central e Universitário da Madeira está dependente da desocupação de uma parcela, onde vivem nove pessoas. Os moradores exigem ao Governo Regional um aumento do valor indemnizatório.

Uma equipa da Direcção Regional do Património, acompanhada por elementos da PSP, foi hoje ao local sensibilizar os moradores para a necessidade da desocupação do terreno
Uma equipa da Direcção Regional do Património, acompanhada por elementos da PSP, foi hoje ao local sensibilizar os moradores para a necessidade da desocupação do terreno, foto Rui Silva/ASPRESS

O Governo Regional ainda não chegou a acordo com os últimos expropriados do terreno onde será erguido o futuro Hospital Central e Universitário da Madeira, em Santa Rita. Em causa está o valor indemnizatório, cerca de 1,4 milhões de euros (1.383.972) que é considerado insuficiente pelos ocupantes.

Uma equipa da Direcção Regional do Património, acompanhada por elementos da PSP, foi esta sexta-feira, 17 de Junho, ao local para sensibilizar os moradores, quatro agregados familiares, para a necessidade da desocupação do terreno tendo em vista a conclusão da 1.º fase da obra do Hospital. O DIÁRIO acompanhou o momento e ouviu um dos moradores, Fábio Pereira, que se mostrou revoltado com a situação, acusando o Governo Regional de não responder à contraproposta apresentada pela família e de agir de “má vontade”.

Direcção do Património e PSP cercam ocupantes da última parcela do terreno do novo Hospital

Conforme avançou o DIÁRIO na edição impressa de hoje, o Governo Regional da Madeira, através da Direcção Regional do Património, está a fazer esforços para expropriar a última parcela necessária para a conclusão da 1.º fase da obra do Hospital Central e Universitário da Madeira, em Santa Rita.

Quando uma entidade pública demora quatro meses e meio a responder a uma contraproposta eu não diria que há boa vontade em resolver o assunto. Nós estamos a tentar resolver isto a bem, da parte deles não há nem uma alteração à proposta inicial nem uma resposta à contraproposta. Fábio Pereira

Fábio Pereira garante que a família apresentou uma contraproposta, há quatro meses, em que é solicitado uma expropriação parcial de cerca de 40% da parcela composta por cerca de 6 mil metros quadrados. A ideia, explica o morador, é “ter o terreno e construir novas casas”.

Eles dizem que temos que negociar, mas nós estamos à espera de uma proposta deles. Obviamente que se fazem uma proposta em que para sairmos ficamos com menos do que temos, preferíamos ter a casa cá.  Isso não sendo possível, apresentamos uma proposta de expropriação parcial em que uma das casas é levada e nós ficamos com o resto do terreno para construir novas casas. Esta é uma área de 6 mil metros quadrados neste momento com quatro casas, várias pessoas a habitar, é impossível irmos ao mercado com esses valores e termos as mesmas condições. Fábio Pereira

Após a acção de sensibilização e de ouvido um dos expropriados, a directora regional do Património, Élia Ribeiro, prestou declarações à comunicação social explicando que a situação ainda não está resolvida “porque os expropriados não estão de acordo em desocupar a moradia”, sendo que os ocupantes não concordam com o montante indemnizatório.

O valor que os senhores propõem é um valor muito diferente daquele fixado em sede de arbitragem e até diferente daquele que os senhores na fase negocial vieram apresentar com uma contraproposta devidamente fundamentada, com um relatório de avaliação de um perito contratado por eles e que era de cerca de 1,277 milhões de euros. Portanto, o valor que está fixado em tribunal é um valor razoável. Élia Ribeiro, directora regional do Património

Élia Ribeiro esclarece, tal como noticiou hoje o DIÁRIO, que não está em discussão a propriedade, uma vez que a mesma está adjudicada à Região, está em discussão o montante indemnizatório. “A Região é a legítima proprietária da parcela”, reforça.

O montante indemnizatório está a suscitar divergências porque a família, constituída por 11 elementos, construiu quatro moradias num terreno comum, tencionando receber um valor compensatório tendo em conta as quatro moradias e o terreno.

Esta parcela, tal como outras, tem um problema a que a Região é alheia, os senhores têm cinco agregados, um deles já saiu e foi realojado pela Região, os demais construíram num terreno em comum e que por essa razão a indemnização, sendo justa, pode não corresponder às expectativas. Élia Ribeiro, directora regional do Património

A governante remata reforçando a importância da desocupação da parcela para a continuidade da obra: "Neste momento a parcela é indispensável à continuidade dos trabalhos".

Veja o vídeo do aparato do cerco aos ocupantes da última parcela do terreno do novo Hospital

Veja o vídeo do aparato do cerco aos ocupantes da última parcela do terreno do novo Hospital