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África do Sul expressa indignação com exigência de teste da Ryanair em afrikaans

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O Governo sul-africano declarou-se "consternado" e "surpreendido" com a companhia aérea Ryanair depois de viajantes terem tornado público que a empresa está a exigir que os portadores de passaportes sul-africanos façam um teste em língua afrikaans.

Numa mensagem enviada hoje à agência EFE por fontes do Ministério do Interior sul-africano, o executivo liderado por Cyril Ramaphosa sublinhou que o exame da companhia aérea irlandesa de baixo custo - um questionário de conhecimentos gerais sobre a África do Sul na língua afrikaans, falada por menos de 15% da população - não é uma exigência oficial de nenhum país.

"Fomos surpreendidos com a decisão da companhia aérea, porque o Ministério do Interior comunica regularmente com todas as companhias aéreas sobre como validar os passaportes sul-africanos", disseram as fontes.

O Governo sul-africano reagiu assim às justificações apresentadas pela companhia aérea, que, em resposta à indignação gerada na África do Sul nos últimos dias, alegou ter imposto a medida devido à proliferação de passaportes sul-africanos falsificados.

A polémica começou a crescer no final de maio, depois de sul-africanos que tinham viajado pela Europa com a Ryanair terem partilhado nas redes que tinham sido obrigados a responder a um questionário sobre o seu país em afrikaans - uma das onze línguas oficiais no país e a que era favorecida nos tempos do regime de segregação racial 'apartheid.

Entre os viajantes que divulgaram publicamente a sua indignação, estava um estudante que voou de Portugal para o Reino Unido e que se submeteu ao exame - de duas páginas e disponível apenas em afrikaans - sob a ameaça de não receber o cartão de embarque se não respondesse a todas das perguntas, mesmo tendo uma autorização de residência britânica.

Perante estes testemunhos, o Alto Comissariado do Reino Unido em Pretória também entrou na polémica para reafirmar que o questionário da Ryanair não era um "requisito" do Governo britânico, mas sim da companhia aérea, que não tem voos com a África do Sul e continua a defender a realização do questionário.