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Ministro britânico recebe partidos da Irlanda do Norte e pede Governo "o mais rápido possível"

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Os cinco principais partidos da Irlanda do Norte vão ser hoje recebidos pelo ministro britânico para a região, Brandon Lewis, que espera convencê-los a formar um Governo "o mais rápido possível" após as eleições regionais de quinta-feira.

Lewis vai reunir com os líderes do Sinn Féin, do Partido Democrata Unionista (DUP), da Aliança (Alliance), do Partido Unionista do Ulster (UUP) e do Partido Trabalhista e Social Democrata (SDLP).

"Apelo aos partidos para formarem um executivo o mais rápido possível. A população da Irlanda do Norte merece um governo local estável e responsável que responda às questões que mais importam para eles", afirmou, num comunicado emitido no fim de semana.

Segundo o calendário protocolar, a Assembleia de Stormont deve reunir-se no espaço de oito dias e um presidente ser eleito, mas as negociações para formar um Governo de coligação podem prolongar-se até seis meses.

Os acordos de paz de 1998 que puseram fim ao conflito sangrento na província britânica exige que os dois maiores partidos das duas diferentes fações partilhem o poder e governem em conjunto.

Leal à coroa britânica, o DUP, que perdeu a maioria para o Sinn Féin, impôs como condição para viabilizar um Governo regional a abolição do Protocolo da Irlanda do Norte pós-Brexit, o qual critica por criar na prática uma fronteira aduaneira com o resto do Reino Unido.   

Mas o Sinn Féin, partido nacionalista que defende a reunificação com o vizinho do sul, a República da Irlanda, entende que "o resultado democrático deve ser respeitado" e que "nenhum partido pode impedir o progresso", afirmou a vice-presidente Michelle O'Neill.

"Está na hora de trabalhar, de colocar dinheiro no bolso dos trabalhadores e das famílias para enfrentarem a crise do custo de vida; para começar a resolver os problemas do serviço de saúde", insistiu.

Esta foi a primeira vez que o antigo braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA) ficou em primeiro nas eleições regionais, conquistando 27 dos 90 assentos disponíveis, contra 25 do DUP. 

O Aliança duplicou o grupo parlamentar, de oito para 17, ultrapassando o UUP, que se ficou por nove assentos, e o SDLP, que caiu de 12 para oito deputados regionais.

Porém, com o líder do Voz Tradicional Unionista (TUV), Jim Allister, e dois independentes unionistas, Claire Sugden e Alex Easton, o movimento unionista continua a ser maioritário, totalizando 37 assentos, contra 35 dos nacionalistas Sinn Féin e SDLP.

Dos resultados também saiu reforçado o bloco político neutro não alinhado com qualquer das fações do conflito sectário que domina a Irlanda do Norte, composto pelo Aliança e o deputado do Povo antes do Lucro [People Before Profit], Gerry Carroll.

Embora Michelle O'Neill tenha o cargo de primeira-ministra, o governo autónomo da Irlanda do Norte só pode ser formado se o maior partido unionista, neste caso o DUP, concordar em assumir o cargo de vice-primeiro-ministro.

Apesar da diferença na designação, e do respetivo simbolismo, os dois têm na prática a mesma importância, pois um não pode tomar uma decisão sem a aprovação do outro.

Se nenhum Governo regional for formado no espaço de seis meses, como aconteceu entre 2017 e 2020, poderão ser convocadas novas eleições.