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Portugal distribuiu 1,8 toneladas de medicamentos a luso-venezuelanos

Foto Arquivo/Aspress
Foto Arquivo/Aspress

Portugal está a retomar a distribuição de medicamentos a portugueses carenciados na Venezuela, que foi afetada pela pandemia, tendo enviado 1,8 toneladas de fármacos desde que, em 2018, foi criada a rede local de assistência médica à comunidade.

"Temos aqui a funcionar na Venezuela uma rede médica que permite não só consultas gratuitas, mas exames de complemento e diagnóstico. Temos dado mais de duas mil consultas e foram canalizados para cá 1,8 toneladas de medicamentos", disse o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, que se encontra de visita à Venezuela até dia 17 de maio.

O responsável falava à Lusa à margem de um encontro com portugueses na Casa Portuguesa de Arágua onde, entre outros assuntos, ouviu queixas da comunidade sobre os medicamentos enviados de Lisboa que não estão a chegar com regularidade à Venezuela.

"Os medicamentos vão continuar a chegar. Houve dificuldades que conhecemos, durante a pandemia, em termos de transporte, de deslocalização, de dificuldades de comunicações. Realmente houve um período de quebra, mas estamos novamente a retomar e este programa é para continuar", respondeu.

Paulo Cafôfo, que se dirigiu depois à área de consulta médica promovida por Lisboa na Casa Portuguesa de Arágua, onde fez a abertura de duas caixas com medicamentos, sublinhou que "hoje particularmente foi um dia feliz porque chegaram novamente mais medicamentos".

Explicou ainda que os médicos locais "identificam as necessidades, que são comunicadas ao consulado que as envia para Lisboa, através da Secretaria de Estado das Comunidades, que tem um protocolo com o Ministério da Saúde e o Infarmed e requisita os medicamentos".

"Nós não somos uma farmácia e não temos os medicamentos específicos para todas as necessidades, mas temos (para) a grande maioria das doenças que são identificadas e são essas doenças que maioritariamente as pessoas aqui têm, e que procuramos canalizar", sublinhou.

Por outro lado, explicou que Lisboa está a tentar minimizar as dificuldades dos portugueses da Venezuela, mas que as associações lusas locais "desempenham um papel essencial de rede para o apoio dos mais carenciados e dos mais necessitados".

Cafôfo explicou que a função de Portugal é apoiar estas instituições e que, por isso, atribuiu nos últimos anos "mais de meio milhão de euros a estas associações".

"É um investimento que vai continuar a aumentar porque se funcionarmos em rede, todas as mãos podem contribuir para que a vida dos portugueses que cá residem possa ser melhor, porque se há pessoas que estão bem de vida, há outras que, infelizmente, devido às circunstâncias políticas e económicas do país, não o estão", disse, sublinhando que a situação foi "agravada pela pandemia" e que Lisboa vai "apoiar e ajudar".

O secretário de Estado explicou ainda que está de visita à Venezuela por ser "a comunidade que mais merece atenção por parte do Governo da República" e que a sua presença tem como propósito "valorizar esta comunidade".

Por outro lado, descreveu que o encontro com portugueses permitiu auscultar frontalmente o sentimento da comunidade.

"O que aconteceu foi algo de extraordinário, porque é a melhor forma que nós, políticos, temos, de diretamente ouvir as pessoas. Habitualmente, os políticos estão habituados a discursar, [mas] a melhor coisa que temos de fazer é escutar, e escutar problemas reais e dar as respostas necessárias", disse,

apontando ainda que foram discutidos vários problemas para os quais o Governo português tem procurado estar acessível, sensível e agir.

"A questão da vulnerabilidade social é real. Nos últimos anos, temos investido no apoio social aos imigrantes carenciados e idosos carenciados cerca de um milhão de euros. Esse valor é aplicado das mais variadas formas e, acima de tudo, no apoio de quem mais necessita, seja de apoio para alimentação, habitação, para a saúde", disse.