A Guerra Mundo

Espanha vai enviar mais tropas para fronteira com Rússia para proteger aliados

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Foto EPA

Espanha decidiu enviar mais tropas para as fronteiras dos aliados da NATO com a Rússia, numa altura em que começou a aplicar as sanções acordadas pela UE, criticadas pelos parceiros de extrema-esquerda dos socialistas no Governo.

Numa visita às tropas espanholas no Líbano, a ministra espanhola da Defesa, a socialista Margarita Robles, anunciou este reforço do destacamento espanhol na zona de conflito, embora sem detalhar o número de tropas ou material que será destacado para a fronteira russa.

"A posição da NATO é de reforçar as fronteiras dos países aliados, e a Espanha estará sem dúvida lá", assegurou a responsável governamental, citada pela agência de notícias Efe.

Enquanto este novo destacamento está a ser preparado, o Comité de Situação da Segurança Nacional, que está a analisar a situação entre a Rússia e a Ucrânia, pôs a funcionar o mecanismo de coordenação entre os diferentes ministérios para aplicar as sanções contra a Rússia e as medidas de apoio à Ucrânia acordadas pela União Europeia (UE).

Estas medidas incluem o encerramento do espaço aéreo à aviação russa, a proibição de transações com o Banco Central da Rússia, a cessação da emissão da Rússia Today, Sputnik e outros meios de comunicação social russos, assim como a proposta de exclusão de uma lista de bancos russos do sistema bancário SWIFT.

Estas iniciativas não convencem o Unidas Podemos, o parceiro de extrema-esquerda minoritário no Governo de esquerda dirigido pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que está empenhada no desanuviamento e na diplomacia com a Rússia.

Um porta-voz do Podemos (partido que faz parte da coligação Unidas Podemos) criticou que a UE tenha aprovado 450 milhões de euros para financiar o envio de armas letais para a Ucrânia, porque "aumenta a escalada da guerra e não está de acordo com o desanuviamento".

"A UE não deve fazer guerra em nome da paz", disse o mesmo porta-voz, Sánchez Serna, numa conferência de imprensa em que também manifestou a sua oposição à proibição das emissões dos meios de comunicação russos, porque, embora admita que são meios de propaganda, está-se a entrar numa "espiral perigosa" quando se censura.

Na mesma linha, a porta-voz da Esquerda Unida (antigo PCE que também integra o Unidas Podemos), Sira Rego, expressou a sua rejeição do reforço do destacamento de tropas espanholas na fronteira com a Rússia porque, na sua opinião, a militarização "não é a saída" da invasão russa da Ucrânia.

Na semana passada, a Esquerda Unida afirmou que esta guerra no continente europeu demonstra que a NATO é um "fator de desestabilização" e, portanto, considerou "mais urgente do que nunca dissolvê-la".

Em contrapartida, o partido de extrema-direita Vox pediu o aumento da despesa com a defesa, que foi contido pelos últimos governos, para que a Espanha possa assim garantir a sua soberania face à "vulnerabilidade" que, na sua opinião, foi revelada pela invasão russa da Ucrânia.

Segundo Jorge Buxadé, a crise na Ucrânia revelou a "vulnerabilidade" da Espanha, embora considere o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, incapaz, por estar sujeito aos ditames dos seus parceiros de coligação.

Por seu lado, a maior formação da oposição, o Partido Popular (PP) anunciou que vai apresentar moções em todas as câmaras municipais, províncias e parlamentos regionais para condenar a invasão da Ucrânia e apoiar as ações do Governo espanhol, em colaboração com os aliados da NATO e da UE.

Através destas moções, o PP deseja reafirmar o respeito pelo direito de todas as nações a preservarem a sua integridade territorial sem serem prejudicadas por razões de proximidade geográfica, afinidade étnica ou linguística.

Nesta linha, o PP apoia que o Governo negocie rapidamente em Bruxelas ???????um plano de ajuda humanitária para a população civil ucraniana e afirma que os municípios, as regiões autonómicas e as instituições governadas por este partido estarão à disposição do Governo para acolher refugiados.

Hoje chegou a Madrid o grupo de 106 espanhóis e ucranianos evacuados deste país num avião fretado pelo Governo.

Ao acolher os evacuados no aeroporto, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, considerou este "um dia de grande alívio para os espanhóis que puderam deixar o horror da guerra".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol recomendou que todos os espanhóis que desejem deixar a Rússia "o façam imediatamente", devido ao encerramento do espaço aéreo espanhol e europeu.

Também avisou os habitantes daquele país para "terem em conta" que a UE vai impor sanções económicas e financeiras que dificultarão a obtenção de dinheiro dos bancos e caixas automáticos, a realização de transferências bancárias e a utilização de cartões de crédito ou de débito.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros estima que um total de 3.000 espanhóis vivem na Federação Russa, aos quais se devem acrescentar aqueles que lá se encontram temporariamente a trabalhar ou em turismo.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.