A Guerra Mundo

Zelensky diz querer "tentar" negociar com Rússia mesmo sem acreditar muito

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A Ucrânia quer "tentar" negociar com a Rússia, mesmo se "não acredita muito" que as negociações previstas possam pôr fim à invasão russa, declarou hoje o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Digo as coisas, como sempre, francamente: não creio muito num resultado", mas "é preciso tentar", disse Zelensky numa declaração em vídeo.

O Presidente ucraniano salientou não querer que, no futuro, os ucranianos pensem que não tentou "parar a guerra quando ainda havia uma possibilidade, mesmo pequena, de o fazer".

Por seu turno, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, declarou que a Rússia entreabriu a porta às negociações porque o "seu 'blitzkrieg' (guerra relâmpago) fracassou".

Antes da invasão, iniciada na madrugada de quinta-feira, a Ucrânia havia apelado a conversações com Moscovo, que recusou a proposta.

Estas declarações surgem quando estão previstas conversações entre delegações dos dois países, na fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia. Não é claro se acontecerão ainda hoje.

As negociações terão sido mediadas pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, com quem Zelensky falou ao telefone.

Zelensky acrescentou ter dito "não querer que mísseis, aviões e helicópteros sobrevoem a Ucrânia a partir da Bielorrússia", na conversa telefónica com o seu homólogo bielorrusso, cujo país serve de base de apoio à invasão perpetrada por Moscovo.

"Não quero que entrem tropas na Ucrânia a partir da Bielorrússia e ele (Lukashenko) assegurou-mo", declarou.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.