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Republicanos divulgam o seu próprio relatório do ataque ao Capitólio dos EUA focado em falhas de segurança

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Foto AFP 

Congressistas Republicanos divulgaram hoje o seu próprio relatório sobre o ataque ao Capitólio norte-americano em 06 de janeiro de 2021 focado em falhas de segurança, mas sem atribuir culpas e responsabilidades a Donald Trump. 

Concebida como uma resposta ao relatório da Comissão de Inquérito criada na Câmara dos Representantes para investigar o ataque, a versão dos Republicanos destaca falhas no compartilhamento de inteligência, na segurança do Capitólio e na coordenação entre várias agências de aplicação da lei que responderam naquele dia.

A recomendação principal deste relatório gira em torno de uma reforma do Conselho de Polícia do Capitólio e do reforço da supervisão do Congresso - duas questões que já haviam sido identificadas por legisladores de ambos os partidos após o 06 de janeiro de 2021.

Alguns especialistas disseram à imprensa norte-americana que algumas das informações contidas no relatório são novas e podem ajudar a esclarecer as enormes falhas de segurança que ocorreram naquele dia.

Contudo, ao contrário da comissão oficial de inquérito - composta por sete Democratas e dois Republicanos -, que responsabilizou diretamente o ex-presidente Donald Trump pelos atos daquele fatídico dia, o relatório do Partido Republicano é silencioso acerca dos esforços do magnata para impedir a transferência do poder presidencial para Joe Biden, após as presidenciais de 2020.

Este relatório surge no mesmo dia em que era esperada a divulgação do relatório final da comissão de inquérito da Câmara dos Representantes sobre o ataque ao Capitólio, mas que acabou adiada para quinta-feira.

O relatório final deveria ser divulgado hoje, encerrando um ciclo de investigação que se estendeu ao longo de 18 meses, em que foram ouvidas mais de 1.000 testemunhas, realizadas quase uma dúzia de audiências e recolhidos mais de um milhão de documentos com o intuito de obter um registo mais abrangente da insurreição de 06 de janeiro de 2021.

Apesar de a comissão não ter avançado com um motivo para o adiamento, a alteração ocorre, no entanto, algumas horas antes de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discursar no Congresso norte-americano. 

Na passada segunda-feira, a comissão já havia acusado Donald Trump de vários crimes, incluindo incitamento à insurreição, conspiração para fraude e obstrução de ato do Congresso, encaminhando o processo ao Departamento de Justiça.

Na ocasião foi ainda divulgado um resumo de 154 páginas do relatório final, que detalhava como Donald Trump ampliou as falsas alegações de fraude eleitoral nas redes sociais e em aparições públicas, encorajando os seus apoiantes a viajar para Washington e protestar contra a vitória do Democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. 

A comissão defende que o magnata Republicano conspirou criminalmente para anular a sua derrota nas eleições de 2020 e "provocou os seus seguidores até à violência", o que se refletiu no ataque ao Capitólio de 06 de janeiro de 2021.

Espera-se que o novo relatório acrescente novos detalhes sobre os esforços para invalidar a vitória de Biden, particularmente sobre o grupo de atores que facilitou o movimento de Trump, desde membros Republicanos do Congresso, a uma equipa de advogados, e até adeptos das teorias da conspiração.

O extenso relatório será o culminar de uma maioria Democrata de quatro anos na Câmara dos Representantes, que investiu muito do seu tempo e energia a investigar Trump e que cederá o seu poder aos Republicanos em duas semanas, após os resultados eleitorais das intercalares do mês passado.

Em 06 de janeiro de 2021, convocados por Donald Trump, milhares de norte-americanos dirigiram-se a Washington para protestar contra o resultado da eleição presidencial, que deu a vitória a Joe Biden. 

Depois de passarem pela polícia, ferindo muitos agentes, os manifestantes invadiram o Capitólio e interromperam a certificação da vitória de Biden, ecoando as alegações infundadas de Trump sobre fraude eleitoral generalizada e levando os congressistas presentes no edifício a esconderem-se ou a fugirem para protegerem as suas vidas.

Cinco pessoas, agentes e invasores, morreram na sequência da invasão.