Mundo

Trump acusa comissão sobre ataque ao Capitólio de tentar bloquear a sua candidatura em 2024

None

O ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu hoje que as "acusações falsas" determinados pela comissão que investigou o ataque ao Capitólio visam impedir a sua candidatura à Casa Branca em 2024.

"Todas estas histórias que visam processar-me são como o julgamento de 'impeachment', uma tentativa partidária de me deixar de lado e do Partido Republicano" na corrida à Casa Branca, destacou o magnata republicano, na sua rede social Truth Social.

"O que essas pessoas não entendem é que, quando vêm atrás de mim, aqueles que amam a liberdade reúnem-se ao meu redor. Isto fortalece-me", acrescentou Donald Trump.

A comissão que investiga o ataque ao Capitólio norte-americano acusou esta segunda-feira o ex-presidente Donald Trump de vários crimes, incluindo incitamento à insurreição, conspiração para fraude e obstrução de ato do Congresso, encaminhando o processo ao Departamento de Justiça.

Após 18 meses de trabalho, os sete Democratas e dois Republicanos que integram a comissão recomendaram de forma unânime acusações criminais contra Trump e associados que o ajudaram a lançar uma campanha multifacetada para tentar travar a eleição de 2020.

No total, são quatro as acusações recomendadas pelos congressistas, juntando-se ainda a acusação de falsas declarações.

Ao encerrar uma das investigações do Congresso mais exaustivas da história norte-americana, a comissão concluiu que Donald Trump tentou subverter a transferência do poder presidencial para Joe Biden - primeiro pressionando aliados em todos os níveis do Governo e depois com a ajuda de uma multidão violenta.

Donald Trump "perdeu a eleição de 2020 e sabia disso, mas escolheu tentar permanecer no poder", disse o Democrata Bennie Thompson, chefe da comissão, na abertura da reunião, à qual se seguiu a exibição de um vídeo com muitos dos momentos-chave da investigação, como imagens da violência dentro do Capitólio em 06 de janeiro de 2021.

"Temos toda a confiança de que o trabalho desta comissão ajudará a fornecer um guião para a justiça", acrescentou Thompson.

Já a 'número dois' na comissão, a Republicana Liz Cheney, avaliou que as ações de Trump em todo este caso mostram que está "inapto" a ocupar um novo cargo público.

De acordo com os nove congressistas, Trump envolveu-se numa "conspiração de várias partes" para travar a eleição propositadamente, divulgando falsas alegações de fraude eleitoral e pressionando o Congresso, o Departamento de Justiça e o seu vice-presidente, Mike Pence, a juntarem-se aos esforços para subverter os resultados para que o magnata pudesse permanecer no poder. Além disso, recusou-se durante horas a dizer aos seus apoiantes para deixar o Capitólio no dia 06 de janeiro.

Para chegar a esta conclusão, a comissão, que será dissolvida em 03 de janeiro com a nova Câmara dos Representantes liderada pelos Republicanos, entrevistou mais de 1.000 testemunhas, realizou quase uma dúzia de audiências e recolheu mais de um milhão de documentos enquanto trabalhava para criar um registo mais abrangente da insurreição de 06 de janeiro de 2021.

De acordo com a imprensa norte-americana, esta é a primeira vez na história do país que o Congresso encaminhou um ex-presidente para um processo criminal.

Caberá aos procuradores federais decidir se darão seguimento a eventuais acusações.

As acusações das quais é acusado podem levar Trump a cumprir penas de prisão e à proibição de assumir qualquer cargo público, num momento em que o ex-presidente já anunciou a sua recandidatura à Casa Branca para 2024.