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Livro narra odisseia da construção do Centro Português de Caracas na Venezuela

Foto da galeria no Centro Português de Caracas em 2003. 
Foto da galeria no Centro Português de Caracas em 2003. , Foto Arquivo

Um livro sobre o Centro Português de Caracas procura preservar a memória e história da instituição luso-venezuelana, que a autora, Maria Olga Gomes, define como "uma embaixada social".

O livro "Resenhas do Centro Português, desde o meu ponto de vista", de Maria Olga Gomes, foi apresentado esta semana em Caracas.

"O título está em espanhol porque foi escrito em espanhol, mas está dedicado a toda a comunidade do Centro Português. O objetivo é preservar o legado que os primeiros portugueses que foram fundadores e promotores deixaram a novas gerações", disse a autora à agência Lusa.

Filha de madeirenses, licenciada em música, radialista e professora de língua portuguesa, Maria Olga Gomes explicou é a história do centro português "que, mais do que um clube, é uma instituição".

"E atrevo-me a dizer que em Caracas temos uma embaixada diplomática (de Portugal) e nós, sócios do Centro Português, temos uma embaixada social", acrescentou.

"Sentimos o privilégio de ter uma das melhores instituições que há na Venezuela, por isso é importante dar a conhecer este percurso que o Centro Português tem feito", disse Olga Gomes, recordando que, antes da atual sede própria, o organismo fundado em 1958 esteve nas localidades caraquenhas de El Paraíso, Sebucán, La Castellana e Macaracuay.

Durante a apresentação do livro, que teve lugar na sede do centro, a autora referiu que pretendia ainda fazer "pensar seriamente sobre o que significa ser português e associado desta magna casa".

"Mostra orgulhosamente o resultado de um grupo de portugueses que, ao longo dos anos, demonstraram a capacidade de resistir em tempos muito adversos, da capacidade de planear com rigor e executar com determinação as ideias mais audaciosas e de alcançar uma das melhores instituições da Venezuela", afirmou.

Recordando o fundador do clube, Daniel Morais, que definiu como "homem visionário", a autora insistiu no "dever coletivo de construir", com os "costumes, música, tradições" a respetiva "identidade, sendo capazes de ultrapassar distâncias e nostalgias".

Nesse sentido, considerou que os portugueses, na Venezuela, "são exemplo de seriedade, responsabilidade e trabalho".

"Percebi que os livros servem para manter a memória do povo e são talvez um ponto de encontro para o futuro das novas gerações", frisou.

Por outro lado, o presidente do Centro Português, Sérgio Nunes salientou que "há tantos detalhes, tanto sofrimento, tanto trabalho feito ao longo dos anos" e que a escritora captou "o importante que significa" para os associados, recordando que desde criança Maria Olga Gomes "conhece as paredes" da instituição.

"Que bom que nos tenha dado este grande presente. É importante conhecer a nossa história, saber como se realizou este grande trabalho e conhecer os detalhes iniciais para poder amar o que temos", vincou.

Sérgio Nunes aproveitou para notar que nos estatutos do Centro Português não aparece a palavra "clube, mas sim instituição", a "segunda casa, onde se promove a cultura portuguesa, a portugalidade, as relações interpessoais e que bom é conhecer a história".

O presidente do Centro Português explicou que a comissão de damas recolheu mais de 2.000 fotos históricas do clube que estão a ser digitalizadas e que proximamente serão disponibilizadas 'online', complementando "a informação valiosa" descrita no livro.

A obra "Resenhas do Centro Português, desde o meu ponto de vista", com mais de 130 páginas, descreve cronologicamente as distintas fases da construção da instituição, a criação da distinção Grande Cordão João Fernandes Leão Pacheco e do Prémio Obrigado.

O livro também aborda o perfil do fundador, Daniel Morais, e dirigentes, as distintas comissões, grupos folclóricos, de teatro, cultura, conceitos, eventos e ícones culturais, entre outros assuntos.