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Novembro

A natureza é brilhante na forma como nos ensina, fascina e assusta

Novembro é o mês que liga a nostalgia do fim do Verão à euforia do Natal. O mês do Verão de S. Martinho e das primeiras chuvas torrenciais. Colado ao dia das bruxas, novembro começa a relembrar os santos e os fiéis defuntos. Um tempo de pausa, reflexão. O tempo para nada.

Já foi assim, até o terem transformado num novo tempo de euforia. Tudo serve para anular o sentimento de que tempo para nada é vazio, tempo inútil.

Estar sozinho, ter tempo para sentir, pensar, refletir, ajustar, cuidar, é uma competência que precisa ser explorada e apreciada. Saber estar em paz, criando silêncios e eliminando ruídos.

Quando tudo estimula o contrário desviar da tendência é um desafio de comprometimento com o individual pausando com o coletivo. Assumir o direito à diferença, começando pelas pequenas coisas.

Hoje o Natal começa em novembro e a magia e encantamento, que medeiam o tempo entre a preparação e a celebração, esgotam-se bem antes das datas assinaladas. No dia 23, os presépios, o ambiente de festa, os sonhos para o Pai Natal, as renas, os trenós, do imaginário das crianças, que saudavelmente coexistem nos adultos, já perderam o encanto e o valor do seu significado. O Natal passou a ser uma estratégia comercial antes de poder ser uma celebração em festa.

Tudo tem um tempo certo para acontecer, a natureza é brilhante na forma como nos ensina, fascina e assusta. As tentativas de contrariar os factos esbarram na imprevisibilidade e no respeito que temos que ter por tudo o que não conseguimos controlar.

Novembro é um tempo precioso para aconchegar a vida. É um tempo de chegada e um tempo de partida. Uma passagem para a liberdade. É um convite para recomeçar um novo ciclo, carregando as memórias do Verão e aceitando o desafio de um novo inverno desconhecido. É uma oportunidade de continuar ligado ao essencial, sem pressa nem obrigações. É um privilégio.