A Guerra Mundo

Reconquista de Kherson "dá muito alento" e "reveses" para a Rússia não pararão aqui

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Foto: EPA

O ministro dos Negócios Estrangeiros português comentou hoje, em Bruxelas, que a reconquista da cidade de Kherson pelo exército ucraniano "dá muito alento", e disse acreditar que "os reveses para a Rússia não vão parar por aqui".

Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião dos chefes de diplomacia da União Europeia (UE) uma vez mais dominada pela guerra lançada pela Rússia na Ucrânia e os mais recentes desenvolvimentos no terreno, João Gomes Cravinho apontou que o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, teve oportunidade, por videoconferência, de falar sobre a vitória em Kherson, que foi saudada pelos 27.

"A reconquista de Kherson mostra que a guerra está a andar no sentido desejável neste momento, nomeadamente com a reconquista de territórios ocupados ilegalmente pela Rússia e creio que isso demonstra por um lado a determinação, a coragem e a força da população ucraniana e das Forças Armadas ucranianas, e, por outro lado também, que o apoio que estamos todos a dar, transatlanticamente e na Europa, é precisamente o apoio de que a Ucrânia precisa", começou por comentar o ministro.

Segundo João Gomes Cravinho, os êxitos alcançados no terreno pelo exército ucraniano também reforçam a "grande determinação" da UE em prosseguir o seu apoio à Ucrânia, reiterando que "a vitória ucraniana em Kherson dá muito alento a essas perspetivas mais positivas sobre o caminho da guerra", desencadeada há mais de oito meses pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

No dia em que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, realizou uma visita a Kherson, onde disse acreditar que a reconquista desta cidade pode marcar "o início do fim da guerra", o chefe da diplomacia portuguesa disse que, do ponto de vista da UE, esta vitória tem efetivamente um "elevado valor".

"Naturalmente que nós consideramos que a reconquista de Kherson é um momento de grande importância. Recorde-se que Kherson foi a única grande vitoria militar que a Rússia teve, logo nas primeiras semanas da guerra, e é a capital de um distrito que Putin declarou ter anexado, há algumas semanas atrás. E, portanto, a reconquista de Kherson tem um elevado valor simbólico e também um elevado valor estratégico e militar", afirmou.

"Nós acreditamos que os reveses para a Rússia não vão parar por aqui e, portanto, vemos este momento com grande satisfação e otimismo", reforçou.

Quanto ao cenário de as partes voltarem a sentar-se à mesa de negociações em busca de um acordo para a paz, João Gomes Cravinho considerou que tal vai inevitavelmente acontecer, mas considerou que ainda não chegou o momento, até porque a UE concorda que cabe às autoridades de Kiev decidir os termos em que negociará com Moscovo, e hoje mesmo o ministro Kuleba reiterou que ainda não estão reunidas as condições.

"Não acredito que haja neste momento condições para a Rússia ir para a mesa de negociações. Quando a Rússia retirar dos territórios que ocupou ilegitimamente, com certeza que as circunstâncias serão outras. Aquilo que a UE diz é que será a Ucrânia a decidir qual o momento certo para negociar com a Rússia. Sabemos que as guerras terminam sempre com diplomacia, e esta não será diferente. Mas terá de ser nos termos que a Ucrânia escolher", disse.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada como a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).