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ONU vai continuar no Twitter apesar das preocupações com os planos de Elon Musk

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A ONU manifestou esta quinta-feira preocupação com o efeito que os planos do novo dono do Twitter, Elon Musk, podem ter na empresa, mas assegurou que irá continuar a utilizar a rede social para partilhar informações importantes.

Com o título "Por que as Nações Unidas são necessárias no Twitter?", a responsável pela comunicação da organização, Melissa Fleming, publicou um artigo onde explica as suas preocupações, mas também as razões pelas quais acredita que deve manter a ONU na plataforma.

Fleming destacou que a ONU está preocupada com a promessa de Musk de tornar o Twitter um paraíso digital para a liberdade de expressão, que, segundo alguns estudos realizados, já levou a um aumento na rede social de conteúdo de ódio, racista ou antissemita.

"O que isto realmente significa na era da desinformação?", questionou a responsável pela comunicação das Nações Unidas, lembrando que essa liberdade de expressão deve ser acompanhada de uma luta contra "a desinformação e o ódio concebidos e difundidos para causar danos deliberadamente".

"Não podemos esquecer que há vidas em jogo", insistiu Fleming, que acredita que o inimigo da liberdade de expressão não é a moderação de conteúdo, mas as fraudes, o discurso de ódio e a incitação à violência.

Melissa Fleming destacou também que todas as plataformas digitais são constantemente utilizadas para fins maliciosos por determinados atores, que em muitos casos as utilizam para atacar grupos minoritários com estratégias que já ceifaram muitas vidas.

"A desinformação não é apenas mortal, está a ameaçar o nosso próprio futuro", vincou a funcionária da ONU, que apresentou como exemplo as mensagens em redes sociais que levaram milhões de pessoas a não se protegerem contra a pandemia covid-19 ou a questionarem a crise climática.

Para Fleming, "o Twitter tem a responsabilidade de proteger os direitos humanos e salvar vidas" e todos devem ajudar a rede social a acabar com as "mentiras" que procuram o contrário.

"A resposta é não sair destes espaços. Isso só ajuda a minoria determinada em causar danos", analisou, assegurando que a ONU continuará a usar as redes sociais para defender a sua missão.

Musk, que muitas vezes se declarou um "absolutista da liberdade de expressão", prometeu mudanças na moderação do Twitter, mas disse que nenhuma mudança importante será feita até que um conselho seja criado para aconselhá-lo.

O bilionário assumiu o controlo do Twitter na passada semana, depois de comprar a rede social por 44 mil milhões de euros, tendo dissolvido de imediato o conselho de administração, além de expulsar os principais quadros e demitir cerca de metade dos 7.500 funcionários, incluindo toda a equipa dedicada aos direitos humanos.