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Governo continua a desaconselhar viagens a portugueses residentes na Ucrânia

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Foto Lusa

O Governo disse hoje estar em contacto com os portugueses residentes na Ucrânia, a maioria de dupla nacionalidade, devido às movimentações russas junto da fronteira ucraniana, não prevendo retirar pessoal diplomático e continuando a desaconselhar as viagens não essenciais.

"Nós temos, neste momento, 216 cidadãos portugueses residentes na Ucrânia, a vasta maioria de dupla nacionalidade, isto é, ucranianos que em tempos emigraram para Portugal, ali viveram e trabalharam e adquiriram nacionalidade portuguesa, bem como os seus descendentes. Cidadãos exclusivamente portugueses são cerca de 30, mas temos todos [...] mapeados, recenseados e sabemos quem são e onde estão", declarou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, no final de uma reunião dos chefes da diplomacia europeia centrada na situação ucraniana, o governante precisou que "cerca de 10 portugueses vivem no leste da Ucrânia, na região de Donbass", perto da fronteira ucraniana com a Rússia, com os quais o executivo português mantém "especial contacto para averiguar as suas condições de segurança e bem-estar, em relação aos quais nenhuma questão se coloca" de momento.

Hoje, os chefes de diplomacia dos 27 da União Europeia (UE), entre os quais Augusto Santos Silva, discutiram a tensão no leste da Europa, à luz do conflito entre Ucrânia e Rússia, num Conselho, em Bruxelas, no qual participou por videoconferência o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken.

A reunião de hoje ocorreu poucas horas depois de a administração norte-americana ter ordenado que as famílias dos diplomatas dos Estados Unidos destacados em Kiev abandonem a Ucrânia, "devido à ameaça persistente de uma operação militar russa".

Questionado sobre uma eventual retirada do corpo diplomático português, Augusto Santos Silva disse que a embaixada portuguesa em Kiev é "de pequena dimensão", na qual "trabalham sobretudo funcionários locais, de nacionalidade ucraniana".

Assim, "nenhum Estado-membro [da União Europeia] vai proceder à retirada do pessoal diplomático", acrescentou.

No que toca às viagens de Portugal para o país, Augusto Santos Silva lembrou que, "desde 2014 [aquando da anexação da península da Crimeia], Portugal desaconselha viagens a qualquer título para a região do Donbass", bem como "as viagens não essenciais para a Ucrânia" devido à pandemia de covid-19, por ser um Estado terceiro.

"Falei com o embaixador português em Kiev e pedi-lhe para reavaliar [...] para saber se era preciso evoluir nestes conselhos", mas "mantemos o desaconselhamento das viagens para a região e para a Ucrânia, decisão que não é de agora nem motivada pelos acontecimentos de agora e que já vem de trás", vincou o chefe da diplomacia portuguesa.

A Ucrânia e a NATO têm denunciado, nos últimos meses, a concentração de um grande número de tropas russas perto da fronteira ucraniana, considerando tratar-se da preparação de uma invasão.

Os ocidentais receiam uma invasão russa do território do país vizinho, como a de 2014 que culminou na anexação da península ucraniana da Crimeia.

O Kremlin (Presidência russa) rejeita ter uma intenção bélica nestas manobras.