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Português foi vacinado depois de passar mais de 8 horas em fila na Venezuela

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O comerciante português Arturo Teixeira, 50 anos, viu hoje materializado o seu desejo de imunizar-se contra o coronavírus, após mais de oito horas em fila numa universidade de Caracas e depois de frustrada tentativa no sábado.

"Estou estonteado porque hoje ainda não comi nada. Cheguei à Universidade Bolivariana da Venezuela (UBV) eram 8:00 (13:00 em Lisboa) e acabo de ser atendido", disse à Agência Lusa.

Natural da Madeira, Arturo Teixeira insistiu que a espera "foi longa, mais de oito horas" e que até perdeu "a noção do tempo", questionando mesmo se ainda era domingo.

Este comerciante tinha sido convocado para vacinar-se no sábado, mas teve que regressar a casa, depois de passar quatro horas em fila, porque se esgotaram as vacinas disponíveis naquele dia.

"Hoje, as coisas estavam mais organizadas. Um voluntário e um militar informavam a população à chegada. Havia duas filas, uma para anciãos de mais de 60 anos, e a outra para quem tinha menos idade", explicou.

No entanto, "quando faltavam 10 pessoas para ser atendido, alguns cidadãos tentaram passar à frente na fila e o processo parou temporariamente", explicou.

"Para entrar exigiram ver a mensagem (SMS) com a marcação, que era para sábado (...) lá dentro a situação era diferente, havia alguma ordem e atenção", disse, precisando que foi preenchido um cartão com os seus dados.

Também explicou que foi "questionado sobre que doenças tinha e onde vivia". Disseram-lhe que usariam a vacina chinesa (Sinovac) e, depois de vacinado, explicaram-lhe quais os medicamentos que podia usar "em caso de ter febre ou ficar estonteado".

Arturo Teixeira recebeu ainda indicações para "não ingerir bebidas alcoólicas" nem consumir "produtos em lata nem peixe", nos próximos dias.

No sábado, centenas de venezuelanos ficaram horas em fila e viram frustrada uma possível vacinação contra a covid-19, porque se esgotaram as vacinas a aplicar nesse dia, em Caracas, situação que foi amplamente criticada pela população, que reclamava terem sido convocadas mais pessoas do que as que era possível atender.

Na Universidade Bolivariana da Venezuela, existiam três filas, uma para os maiores de 60 anos, que receberiam a vacina russa Suptnik V e outra para quem tinha até 59 anos de idade, para a chinesa Sinovac. A terceira fila estava composta porque muitos tentaram a sua sorte, mesmo sem terem marcação.

 A Venezuela iniciou, em 28 de maio, a "vacinação em massa" da população contra a covid-19, em 27 centros adaptados para a imunização.

Além da Universidade Bolivariana da Venezuela, em Caracas, segundo a imprensa local, decorrem jornadas de vacinação no Hotel Alba Caracas, no Hospital Miguel Pérez Carreño, no Hospital de Coche Dr. Miguel Ángel Rangel, na sede da Direção regional de Saúde em San Martín e no Centro Comercial Millennium.

Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização seguidos de outros sete dias de confinamento rigoroso.

A imprensa local deu conta da chegada, até agora, de pelo menos três milhões de vacinas da chinesa Sinopharm e da russa Sputnik V.

De acordo com a Federação Médica Venezuelana, são necessárias 40 milhões de doses de vacinas.

O país contabilizou 2.708 mortes e 240.714 casos da doença, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.723.381 mortos no mundo, resultantes de mais de 172 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.