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Fórmula da taxa de incidência é "injusta" para municípios pequenos

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O presidente da Câmara de Moura considerou hoje "injusta" para os municípios mais pequenos a fórmula de cálculo da taxa de incidência de covid-19 que determina quais os concelhos que avançam para a próxima fase de desconfinamento.

Entre os dez concelhos do país com mais incidência de casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias estão Machico (500), Moura (474), Rio Maior (334), Odemira (316), Portimão (308), Carregal do Sal (302), Ribeira de Pena (283), Ribeira Brava (225), Vila do Bispo (213) e Marinha Grande (203).

Em declarações à agência Lusa, Álvaro Azedo mostrou-se confiante de que as autoridades nacionais vão ter em consideração o problema dos municípios com uma densidade populacional mais reduzida, para os quais "a fórmula de cálculo não é favorável".

"No período de 17 a 30 de março, fruto destas situações todas, tivemos 65 novos casos, o que nos deu uma incidência de 473 [474 casos por 100 mil habitantes de acordo com os dados oficiais]. Mas, também foi nesse período que tivemos 47 pessoas recuperadas e isto não conta para a fórmula de cálculo. Isto prejudica os municípios mais pequenos, com menos população", afirmou.

Álvaro Azedo especificou que entre as "situações" ocorridas no concelho estiveram "um surto que atingiu a comunidade cigana", mas também "uma escola de acolhimento do pré-escolar e primeiro ciclo", além de uma professora das Atividades de Enriquecimento Curricular de outra escola.

Dos 26 concelhos que se encontram acima do limiar de risco de incidência da covid-19 identificados pelo Governo na última avaliação, Moura apresenta a segunda taxa mais elevada, com 474 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, sendo superado apenas por Machico (500), na Região Autónoma da Madeira.

Um valor que é contestado por Álvaro Azedo, que defende que "era importante que se olhasse de forma diferenciada para aquilo que é diferente".

"Bastam 16 casos positivos num período de referência para nós estarmos no amarelo [acima dos 120 novos casos por 100 mil habitantes] e bastam 33 para estarmos no vermelho [acima dos 240]. Num concelho como o de Moura não é preciso muito para termos 33 casos", analisou o autarca.

Sobre as hipóteses de a taxa de incidência da doença baixar o suficiente para que o concelho possa avançar para a próxima fase do desconfinamento, Álvaro Azedo lembrou que tem "um grande ponto de interrogação em cima, que é a Páscoa".

"Penso que a Páscoa nos vai oferecer o mesmo tipo de problemas que o Natal. Não somos parvos. Vimos muita movimentação, pessoas a caminho dos montes e isto também não ajuda", justificou.

Por isso, a autarquia do distrito de Beja vai continuar a "trabalhar de forma serena, comprometida e enérgica" em todas as situações de covid-19 que forem identificadas, mas é preciso "perceber que nem tudo é responsabilidade e resposta das autoridades", frisou Álvaro Azedo.

"Há um compromisso individual de cada um de nós que vai condicionar a vida de todos nestes 15 dias e isso é que me traz preocupação acrescida: é perceber o que é que a Páscoa nos vai trazer nos próximos dias", assinalou.

Moura registou hoje três novos casos ativos de covid-19, além de um recuperado, de acordo o boletim divulgado pela Proteção Civil local, o que eleva para 33 o número de casos ativos no concelho.

Na sede de concelho concentram-se a maioria dos casos ativos (25), estando os restantes localizados nas freguesias de Sobral da Adiça (sete) e Amareleja (um).

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.874.984 mortos no mundo, resultantes de mais de 132,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.890 pessoas dos 825.031 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.