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Debate sobre igualdade de género termina em luta entre deputados na Jordânia

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Vários deputados jordanos brigaram hoje durante um debate parlamentar sobre a igualdade de género incluída numa reforma constitucional, obrigando à suspensão da sessão até quarta-feira, de acordo com a televisão oficial da Jordânia.

O governo quer alterar a Constituição, nomeadamente a inclusão de "mulheres jordanas" no capítulo II, intitulado "Direitos e Deveres dos Jordanos", sobre a igualdade de direitos dos cidadãos.

Vários deputados opuseram-se à emenda, considerando-a "desnecessária", de acordo com o canal al-Mamlaka, que transmitiu a sessão.

"É 'eib' para nós acrescentar o termo mulheres jordanas", disse um deles, Raed Smeirat, citado pela agência France-Presse e usando um termo árabe com conotações negativas que neste contexto pode significar "vergonha" ou "desonra".

Isto provocou a ira do chefe do parlamento, Abdelkarim al-Daghmi, que exigiu um pedido de desculpas a Smeirat.

Outro deputado, Suleiman Abu Yahya, pediu a Daghmi que interrompesse a sessão, um pedido recusado o que levou o primeiro a comentar: "Tu não entendes nada!", dirigindo-se ao presidente do parlamento.

Nesse momento, Daghmi pediu a Yahya que saísse da sala, o que fez eclodir uma luta entre vários deputados, de acordo com as imagens difundidas em direto quando o presidente do parlamento abandonava a assembleia.

A sessão foi finalmente adiada para quarta-feira.

Outras alterações constitucionais a serem debatidas incluem a criação de um "Conselho de Segurança Nacional" e a redução do mandato do chefe do parlamento de dois para um ano.

Em junho, Abdullah II nomeou uma comissão para propor uma série de reformas para "modernizar o sistema político" no país, incluindo emendas à lei eleitoral, à lei dos partidos políticos e à Constituição.

Uma vez apresentadas estas propostas, o monarca pediu ao governo que as adotasse sob forma de projetos de lei a serem analisados no parlamento e, nos últimos seis meses, as medidas foram submetidas a discussão entre o público e a classe política.

A Constituição, promulgada em 1952 pelo avô do atual rei Abdullah II, já foi alterada 29 vezes, tendo as modificações dado mais poder ao rei em detrimento da assembleia legislativa, segundo os especialistas.