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Acordo de coligação na Bulgária põe termo a crise política

Foto: EPA/VASSIL DONEV
Foto: EPA/VASSIL DONEV

A Bulgária garantiu hoje a formação de um governo de coligação, após oito meses de crise política, que vai ser liderado por um empresário empenhado na erradicação da endémica corrupção no país mais pobre da União Europeia (UE).

O novo partido vencedor das eleições legislativas de novembro de 2021 anunciou hoje ter garantido uma aliança com três outras formações parlamentares.

"O acordo acaba de ser assinado por todos os nossos parceiros da coligação", declarou Kiril Petkov, 41 anos, cofundador do "Nós Continuamos a Mudança" (PP), e candidato ao cargo de primeiro-ministro.

"É a primeira vez na história moderna da Bulgária que é assinado um documento tão detalhado", acrescentou, numa referência ao texto de 140 páginas.

A composição do Governo será anunciada no sábado antes de um voto no parlamento previsto para segunda-feira.

Este acordo põe termo ao consulado de Boris Borissov, o ex-primeiro-ministro que dominou a vida política búlgara durante cerca de uma década e que os seus críticos acusam de corrupção.

Fragilizado por uma vaga de manifestações no verão de 2020, foi afastado do poder na sequência das eleições de abril, mas os restantes partidos não conseguiram obter um acordo, e o mesmo sucedeu após as legislativas de julho, num inédito impasse político.

Perante este bloqueio, Kiril Petkov e Assen Vassilev, dois empresários que se encontraram nas aulas em Harvard, Estados Unidos, avançaram em setembro à conquista do poder após terem seduzido os búlgaros pela sua ação no gabinete de transição.

Dois meses depois, surpreenderam ao garantirem cerca de 26% dos votos, com confortável vantagem face ao partido conservador Gerb de Borissov.

Após numerosas horas de discussões, conseguiram reunir em seu redor a direita (Bulgária Democrática), os sociais-democratas e a formação "antissistema" Existe Tal Povo (ITP, na sigla original), fundado pelo ex-cantor Slavi Trifonov.

Numa revelação das dificuldades, os quatro partidos da coligação recusaram assinar o documento em conjunto e serem fotografados em simultâneo.

O fim da corrupção, a reforma do sistema judicial ou a modernização do sistema de saúde neste país balcânico de 6,9 milhões de habitantes são as prioridades da nova equipa governamental e que no parlamento garante uma confortável maioria de 140 dos 240 deputados.