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Macron e Biden têm nova reunião sobre crise dos submarinos em meados de Outubro

Foto: DR
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Os Presidentes norte-americano e francês terão uma nova reunião telefónica em meados de outubro sobre a crise desencadeada pela parceria estratégica entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido que cancelou um megacontrato de submarinos franceses com Camberra.

"As nossas consultas aprofundadas prosseguem na perspetiva de uma nova reunião que os nossos dois Presidentes [Joe Biden e Emmanuel Macron] manterão em meados de outubro, seguida de um eventual encontro na Europa em torno da reunião do G20, que se realiza no fim do mês de outubro", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, numa audição na Assembleia Nacional.

O embaixador de França na Austrália, que tinha sido chamado a Paris após o cancelamento por Camberra do megacontrato de submarinos franceses, vai regressar à capital australiana, indicou Le Drian.

"Já pedi ao nosso embaixador que regresse a Camberra", declarou o MNE francês na audição perante as comissões de Negócios Estrangeiros e da Defesa.

O chefe da diplomacia francês não precisou a data exata em que Jean-Pierre Thébault regressará ao seu posto e o Quai d'Orsay, contactado pela agência de notícias francesa AFP, não deu até agora resposta.

A França reagiu vivamente após o anúncio de uma parceria estratégica entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido que teve como corolário o cancelamento de um contrato de fornecimento de 12 submarinos franceses a Camberra.

Condenando o que classificou como "traição", "duplicidade" e "desprezo" da parte dos seus aliados, Paris chamou, a 17 de setembro, os seus embaixadores na Austrália e nos Estados Unidos, um gesto sem precedentes nas relações diplomáticas com estes países.

Philippe Etienne regressou depois a Washington, a 29 de setembro, na sequência de esclarecimentos entre Biden e Macron a 23 de setembro, por telefone.

O embaixador francês em Camberra terá "duas missões: contribuir para redefinir os termos da nossa relação com a Austrália no futuro - e tal relação deve tirar todas as consequências da grande rutura de confiança com esse Governo -- e defender firmemente os nossos interesses na aplicação concreta da decisão australiana de pôr fim ao programa dos futuros submarinos", sublinhou.

"Escusado será dizer que a revisão da nossa cooperação bilateral não terá impacto na nossa determinação de continuarmos plenamente empenhados no Indo-Pacífico", acrescentou o ministro.

Jean-Yves Le Drian defendeu igualmente que a Austrália, ao optar por submarinos de propulsão nuclear norte-americanos em vez da tecnologia francesa, está a dar um "salto no desconhecido".

"Muito haveria a dizer tanto sobre o abandono da soberania que representa esse programa, como sobre o salto no desconhecido que constitui para os australianos a escolha de recorrer a uma tecnologia que não dominam, que não dominarão no futuro e que os coloca, portanto, totalmente à mercê dos desenvolvimentos da política norte-americana", sustentou.

Os australianos fizeram "a escolha da segurança, justificada pelo agravamento das atuais tensões com a China, em detrimento da soberania", insistiu.

"Desejo ao nosso parceiro australiano que não descubra, no futuro, ter sacrificado as duas", rematou o chefe da diplomacia francesa.