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Sem princípios, com privilégios

Este ano a grande novidade foi a distribuição de frangos congelados.

Todas as eleições deveriam decorrer dentro dos princípios básicos da democracia, de acordo com a legislação em vigor e se esta for incompleta deve ser corrigida, com uma Comissão Nacional de Eleições com um pulso forte e de atuação rapidíssima. Todos os concorrentes devem ter as mesmas oportunidades. A partir daí quem trabalhar melhor, quem tiver o melhor programa, quem esclarecer melhor os eleitores deverá ser eleito. Contudo, há quarenta e seis anos que acontece o mesmo. O Governo Regional financia indiretamente o PPD ao financiar as Casas do Povo que por sua vez dão cabazes àqueles que prometem votar no PPD. Organizam excursões em que vai na banca da frente o candidato do PPD. Este ano a grande novidade foi a distribuição de frangos congelados.

Seria interessante o Tribunal de Contas ou quem controla as Casas do Povo, fazer uma verificação das suas contas e investigar porque razão na época das eleições a sua atividade é muito maior do que no resto do ano e investigar para que foi tanto frango congelado. Verificar se tudo está de acordo com os seus estatutos e punir severamente quem não cumprir

No dia das eleições, como acontece há mais de quatro décadas há militantes escolhidos para percorrer as Assembleias de Voto para aliciarem os eleitores a votarem no PPD. Inclusivamente uma ex Diretora Regional de Calado e atual assessora na Empresa de Eletricidade de uma prima que está na administração, foi vista numa Assembleia de Voto a incitar ao voto no PPD e quando foi chamada à atenção, fez escândalo, insultando a pessoa que o fez e telefonou para o Presidente da Junta, malcriadamente. À tarde, já noutra Assembleia de Voto, encontrou-se com o Presidente da Junta e, aos berros, insultou-o. Pergunta-se, se esta senhora era delegada, era só numa mesa e nada tinha que andar a percorrer as diferentes Assembleias de –voto, até porque nem candidata era. Muitos outros casos se poderia contar idêntico ou piores do que este.

Esclarecer os eleitores não é mentir e inventando uma série de coisas, desde um estacionamento no largo do Município para 1.500 carros, o que obrigaria a escavações com mais de trinta metros, ao alargamento do Jardim das Madalenas, que é propriedade do Governo Regional, que a Camara Municipal do Funchal teria 136 milhões de euros para fazer habitação social, quando esse dinheiro estará nas mãos do governo e ainda não apresentou qualquer plano de distribuição dessa verba por todas as Camaras da Região, uma vez que essa verba vem do Plano de Recuperação e de Resiliência, mandar uma camionete dos Horários do Funchal buscar um passageiro às Zonas Altas da cidade do Funchal, quando a Horários do Funchal pertence ao Governo Regional, baixar o IMI para os valores mínimos, quando, na realidade a Camara já pratica esse principio e tudo indica que vão baixar de 0,3% para 0,3%. Isto não foi esclarecer o povo eleitor, mas prometer aquilo que não é da sua competência e mentir. Uma trapalhada, ou o desconhecer o que é de Deus e o que é de César.

Por outro lado podemos ver que houve muita inexperiência politica do candidato da oposição, escavacando em tempo eleitoral para corrigir fugas de águas e fazendo uma ciclovia que não serve para nada, pois na Madeira devido à sua orografia, não há tradição de andar de bicicleta e embora seja um projeto do tempo de Miguel Albuquerque e que, também Rubina Leal quando candidata prometeu levá-la até à Zona Velha e que provocou dissabores de transito a quem vive na Estrada Monumental ou a utiliza.

Estranho foi haver uma série de deputados candidatos que apresentaram resultados miseráveis e não se demitiram, acabando por demitir-se o Presidente do PS Madeira, talvez o menos culpado de tudo isto. Teria sido mesmo isso, ou haveria mais alguma coisa que não sabemos, nomeadamente uma saturação de aturar o PPD/CDS na Assembleia Regional. Isso cansa, sei-o por experiencia própria e na minha opinião só há uma maneira de alterar essa situação.

Sem entrar em mais pormenores concluímos que uns não tiveram princípios, mas tiveram privilégios.