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Autonomia e Universidade (II)

O futuro das Autonomias e das suas Universidades terá muito a ganhar com um projeto deste género

No artigo anterior sobre o tema que aqui se titula, insisti na ideia de que o processo autonómico não estava dissociado da fundação e desenvolvimento da Universidade da Madeira.

Numa altura em que se tem vindo a discutir a “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-30”, proposto pelo Professor António Costa Silva, queria hoje isolar o tema do grande Projeto do Atlântico e da estratégia de tornar Portugal e as suas Regiões numa referência mundial no âmbito do mar.

Para que um tão grande projeto seja exequível de forma estruturante e douradora, julgo ser necessário referir três aspetos que reputo da maior importância:

1. O empenhamento forte e determinado das Regiões Autónomas, porque no Atlântico ocupam e fazem ocupar o mar que faz Portugal grande nesse domínio;

2. A criação de um projeto interinstitucional (e não de uma nova Universidade do Atlântico), para o aprofundamento do conhecimento do mar, que promova o estudo do oceano, do clima, da terra e da atmosfera, envolvendo uma rede de instituições do ensino superior, nomeadamente as universidades das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, estruturas de investigação e empresas, nacionais e internacionais;

3. A extensão do projeto a todo o espaço da Macaronésia, tanto pelo seu carácter iminentemente atlântico, como pelo facto de esta grande área insular ter vindo a construir uma identidade própria, com imensa capacidade de desenvolvimento e afirmação.

O futuro das Autonomias e das suas Universidades terá muito a ganhar com um projeto deste género que, devidamente enquadrado com o quadro de referência e amplitude, aqui exposto, permitirá congregar as capacidades já instaladas e projetá-las para uma dinâmica mais ambiciosa e produtiva, proporcionando oportunidades em novos campos de investigação, industrialização e comércio. Trata-se pois do lançamento de uma nova era de conhecimento e saber sobre uma realidade que, particularmente depois dos Descobrimentos, nunca deixou de estar inscrita na matriz identitária de Portugal.

Mas, previamente a tudo isso, é necessário alicerçar o projeto com os indispensáveis meios financeiros, humanos e materiais, de modo a garantir uma participação verdadeiramente efetiva das Regiões Autónomas e das Universidades nelas sediadas.

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