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Artistas de todo o mundo assinam carta aberta em protesto contra homofobia na Polónia

Acusam o partido do presidente da Polónia de homofobia, responsabilizando-o pelo aumento da violência homofóbica no país

Foto Shutterstock
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Artistas de todo o mundo assinaram uma carta aberta dirigida à presidente da Comissão Europeia na qual acusam o partido do presidente da Polónia de homofobia, responsabilizando-o pelo aumento da violência homofóbica no país.

No documento, publicado na segunda-feira, os signatários, entre os quais figuram nomes como o do realizador espanhol Pedro Almodóvar, da escritora canadiana Margaret Atwood e da vencedora do Nobel da Literatura polaca Olga Tokarczuk, é pedido que o governo pare de atacar as minorias sexuais.

Na carta aberta, os artistas consideram que a violência homofóbica na Polónia está a aumentar porque é tolerada pelo partido no poder - PiS (Lei e Justiça) - que acusam de ter escolhido as minorias sexuais como bode expiatório, sem consideração pela segurança e bem-estar dos cidadãos.

"Falamos em solidariedade para com os ativistas e os seus apoiantes, que estão a ser detidos, brutalizados e intimidados. Expressamos a nossa profunda preocupação com o futuro da democracia na Polónia, um país com uma admirável história de resistência ao totalitarismo e de luta pela liberdade", afirma a carta dirigida à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Este manifesto surge depois da detenção de 48 pessoas em Varsóvia, sob a acusação de terem participado numa manifestação ilegal violenta, quando na verdade se tratou de um protesto pacífico em solidariedade com uma ativista LGBT+ que fora presa por ter danificado a carrinha de um militante homofóbico, defendem os subscritores, que pedem o fim das perseguições às minorias e a abertura de uma investigação às detenções.

"Exortamos o governo polaco a deixar de visar as minorias sexuais, a deixar de apoiar as organizações que propagam a homofobia e a responsabilizar os responsáveis pelas detenções ilegais e violentas de 07 de agosto de 2020", pode ler-se na carta.

O documento insta também a Comissão Europeia a "tomar medidas imediatas" para defender valores europeus fundamentais - igualdade, não-discriminação, respeito pelas minorias - que estão a ser "flagrantemente violados na Polónia".

A carta fala em "reivindicações ultrajantes" que têm circulado pelas cidades da Polónia, que equiparam a homossexualidade à pedofilia e afirmam que os 'gays' são a fonte de doenças e uma ameaça para as crianças.

"O contexto mais amplo é o uso persistente da retórica anti-LGBT+ por políticos e meios de comunicação social polacos, ataques contra a 'ideologia LGBT' na recente campanha presidencial, precedida pelo aparecimento em muitos municípios e distritos de 'zonas livres da ideologia LGBT', alegadamente defendendo a segurança das famílias e das crianças, e os ataques violentos contra a Marcha pela Igualdade, no ano passado em Bialystok", afirmam.

A carta aberta foi também assinada pelos escritores Paul Auster, Siri Hustvedt, John Banville, Sebastian Barry, Richard Flanagan, Deborah Levi, Ian McEwan, Leila Slimani Colm Toibin, Adam Zagajewski, pelos realizadores Isabel Coixet, Ed Harris, Mike Leigh, pelos atores Isabelle Huppert, James Norton e pelo filósofo Slavoj Zizek, entre muitos outros.

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