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Análise

Cafôfo, o Plano e os ralis

1. Paulo Cafôfo foi eleito presidente do PS-M, numa eleição sem concorrência. O homem que subtraiu a Câmara do Funchal ao PSD e que elegeu 19 deputados à Assembleia Legislativa tem de ganhar os desafios que tem pela frente, se se quiser manter à frente de um partido com uma dinâmica interna muito particular. Com uma certeza: não terá uma terceira oportunidade para consolidar a imagem de alternativa credível a Miguel Albuquerque. Cafôfo quer inovar e já disse que vai criar novas estruturas internas, que orientem politicamente militantes e governantes socialistas e que aumentem a influência do partido na sociedade. Veremos. Mas isso por si só pode ser insuficiente para ganhar nas urnas a um partido que, em 2023, contará com quase meio século de poder.

Cafôfo tem de liderar e isso implica orientar a vida do partido anulando facções internas, e de saber controlar Carlos Pereira, que surge como reserva e como sombra que diagnostica e prescreve a receita. O seu futuro político passa pela forma como vai chefiar e se a sua estratégia de confrontação com o PSD e Miguel Albuquerque será eficiente. Terá de dar a cara, questionar frontalmente Albuquerque e Calado no parlamento, revelar alternativas e detalhar caminhos diferentes. Repetir generalidades não chegará. As próximas eleições autárquicas serão o seu primeiro teste, que vão ditar se o caminho até 2023 será mais ou menos sinuoso.

2. O futuro da Madeira não é risonho. Os efeitos imprevisíveis da pandemia arrumaram com todos os cenários de crescimento, deixando o nosso tecido empresarial de tanga. Os problemas estruturais estão diagnosticados e o Plano de Desenvolvimento Económico e Social (PDES) dita uma mudança de paradigma naquilo em que sempre assentou e economia da Madeira: o turismo e a construção civil. Temos de ir mais além e apostar de uma vez por todas no mar, nas novas tecnologias, na digitalização, na formação. As ideias que estão no PDES têm se ser colocadas no terreno, rapidamente, de forma assertiva e estruturada. Mas, até lá, há obstáculos que têm de ser ultrapassados.

Neste momento e com o Orçamento Suplementar aprovado, o Governo Regional reza para que parte da generosidade europeia chegue aos cofres da Região. Sem dinheiro não há plano que se execute e começa a ser confrangedor vermos que o centro do debate político gira sempre em torno de Lisboa. Os problemas sociais gravíssimos que se estão a abater sobre a Região não se compadecem com a gritaria generalizada e improdutiva. Tem de ser encontrada uma solução que desbloqueie o que está bloqueado. Sem tibiezas nem jogos verbais. Quer seja através de um mecanismo institucional, ventilado pelo líder do PS-M na entrevista que deu ao DIÁRIO no domingo passado, ou na figura de um ministro para as regiões autónomas, alguém com peso político que tomasse conta das especificidades de cada região. Se se criam ministérios para tudo e mais alguma coisa, que se tenha a coragem de inovar e acabar com esta grave lacuna no relacionamento Autonomias/República. É inconcebível que se continue a laborar nesta guerra que poucas tréguas conheceu ao longo de todas estas décadas.

3. Assim não. O Rali Vinho Madeira está ao virar da esquina. Que o espectáculo que se verificou na prova da Calheta, onde centenas de pessoas ignoraram o distanciamento social, não volte a acontecer. O vírus que colocou o Mundo em suspenso e que está a arruinar a economia da Região não se evaporou. As pessoas têm de se mentalizar e, neste caso concreto a organização do rali também, que a realidade vivida em anos anteriores é irrepetível. Perante uma realidade diferente os hábitos têm de mudar e as regras serem escrupulosamente respeitadas. Mesmo que isso implique o adiamento das provas.

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