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Rui Rio não teria autorizado manifestação contra o racismo devido à pandemia

O presidente do PSD, Rui Rio, afirmou hoje que não teria autorizado as manifestações contra o racismo durante a pandemia de covid-19 e defendeu que “não há racismo na sociedade portuguesa”.

Em entrevista à TVI, Rio foi questionado sobre as críticas que já tinha feito hoje na rede social Twitter aos critérios do Governo para “permitir ajuntamentos” em tempos de pandemia de covid-19, na sequência das “manifestações de esquerda”, referindo-se às marchas contra o racismo que juntaram milhares de portugueses em várias cidades para evocar a morte de George Floyd, um afro-americano que morreu em Minneapolis (EUA), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção.

“Foi promovido por forças de esquerda, apesar de todos sermos contra o racismo. Ainda entendo na América onde aquilo aconteceu, agora aqui em Portugal, mas a que propósito? Ainda ficamos é racistas com tanta manifestação antirracista, não noto isso na sociedade portuguesa, não há racismo na sociedade portuguesa”, disse.

Questionado se Portugal não deverá ser solidário com acontecimentos deste tipo em outros países, o líder do PSD respondeu: “Podemos e devemos, mas não, em minha opinião, numa manifestação daquela natureza neste momento”.

Rio disse que se depende dele a manifestação não teria tido lugar, embora compreenda a dificuldade de as autoridades atuarem num protesto com aquele objetivo.

“Eu acho que não atuaram bem, mas também devemos perceber, Se fosse MAI [ministro da Administração Interna] mandava atuar em cima daquela manifestação? Era um problema”, disse.

Mas à pergunta se não teria autorizado o protesto, foi claro: “Isso não, não é coerente”.

Rui Rio afirmou que também não teria ido ao espetáculo do humorista Bruno Nogueira - mesmo se fosse no Porto - e que juntou no Campo Pequeno, em Lisboa, cerca de 2.000 pessoas em cada dia, entre elas o primeiro-ministro e o Presidente da República.

“Nada contra o Bruno Nogueira, mas sinceramente não. Vi fotografias do Campo Pequeno e da Casa da Música [no Porto] e aí havia uma separação completamente diferente, aí sentia-me tentado a ir”, defendeu.

Questionado se foi um mau exemplo dado por António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, Rio considerou que “confunde as pessoas”, que já atingiram um ponto de saturação com as limitações impostas pela pandemia.

“O que aconteceu no Campo Pequeno não faz sentido nenhum, não há coerência”, disse.

Ainda assim, e apesar de dizer estar “obviamente preocupado” com a situação de Lisboa e Vale do Tejo, o líder do PSD fez uma avaliação genericamente positiva da forma como o Governo geriu a crise sanitária.

“Houve erros, claro que houve e se estivesse lá eu também havia”, considerou, lembrando que esta foi uma situação completamente nova para todos os atores políticos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 404 mil mortos e infetou mais de sete milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.485 pessoas das 34.885 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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