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Os preconceitos para com a Autonomia

Para o futuro das novas gerações é imperioso, mais cedo que tarde, que os políticos nacionais tenham coragem

O cidadão médio continental, resida ele no interior ou no literal, tem um profundo desconhecimento do processo autonómico e dos seus efeitos positivos para a Madeira. Muito poucos, independentemente da formação superior, sabem que vivemos com o produto do nosso trabalho, que pagamos juros ao Estado Central pelo endividamento que utilizámos para dar luz, água e uma estrada para que muitos pudessem chegar a casa, de forma relativamente célere e comoda. Julgam que queremos mandar com o dinheiro dos outros. Nada mais errado para um Povo que por força do seu trabalho desenvolveu uma Região tornando-a numa das melhores da Europa.

Num período de pandemia uma das maiores empresas nacionais necessita de endividamento. Como muitos municípios, como as Regiões Autónomas. O Estado assume a opção política de intervir, tendo disponibilidade para avalizar uma operação financeira de 1200 ME para salvar a TAP. Nada contra, a TAP é um instrumento vital para a Economia do País.

Contudo, é com uma certa dificuldade que consigo admitir que exista capacidade do Estado para avalizar 1200 ME para uma empresa com capitais privados, mas não exista capacidade para avalizar 380 ME de uma Região Autónoma.

Em virtude de tudo isto, rapidamente o leitor constata que a Governação de uma Região Autónoma não se afigura fácil. Se, por um lado, somos capazes de definir certas políticas públicas por competências que foram regionalizadas, por outro lado não temos capacidade legal para decidir como distribuir a riqueza, como aceder aos mercados e como resolver os anseios dos madeirenses sem precisar do “beneplácito” da capital.

Quem fala em medidas financeiras pode abordar também outras matérias. Por exemplo será que em matéria transfronteiriça as Regiões Autónomas, sobre circunstâncias específicas, não deveriam ter mais poderes para implementar um conjunto de medidas que visem salvaguardar e proteger os cidadãos? Há medidas que são consensuais entre os insulares, mas que não se podem aplicar porque a Lei Geral não o permite.

Para o futuro das novas gerações é imperioso, mais cedo que tarde, que os políticos nacionais tenham coragem. Que adoptem as medidas necessárias ao alargamento das competências das Regiões Autónomas sem o medo das consequências que essas decisões políticas possam acarretar. Governar um País é isso.

Enquanto se escudam nesse medo, empurrando para a frente os mecanismos que podem auxiliar o desenvolvimento e prosperidade de um Povo, arranjam umas marionetas que por cá dizem que está tudo mal e que tudo precisa de se reinventar. Mesmo que a Economia cresça há 75 meses e só o Covid-19 a faça abrandar, é preciso reinventar tudo. Talvez um dia esses mais do que reinventarem a pólvora, talvez se descubram a si mesmos.

Não sou partidário daqueles que estão contra a República por princípio. Não podemos ser, por regra, do contra. Defendo outra coisa: ser sempre e incondicionalmente pela Madeira, mesmo que isso implique estar contra a República, o Partido ou os amigos se a Madeira assim o precisar.

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