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Especialistas tranquilizam pais e lembram que taxa de infecção por coronavírus nas crianças é baixa

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O pneumologista Filipe Froes e o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública deixaram ontem uma mensagem de tranquilidade aos pais das crianças da escola com um caso de Covid-19, lembrando que a taxa de infeção neste grupo é baixa.

Flipe Froes e Ricardo Mexia falavam à agência Lusa a propósito de alunos de seis turmas de duas escolas da Amadora, distrito de Lisboa, terem ficado desde hoje e até 13 de março, “em isolamento social” nas suas casas depois de ter sido diagnosticada a infeção pelo novo coronavírus a uma professora.

“Como pai compreendo e estou solidário com os pais das crianças que estiveram na escola com mais um caso de infeção por coronavírus”, disse Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para o Covid-19.

“É nestas alturas que é necessário transmitir tranquilidade e confiança pelas pessoas que mais estão dentro do assunto para promover a serenidade necessária, estou certo de que a Direção-Geral da Saúde assim o fará”, acrescentou o pneumologista.

Enquanto perito, Filipe Froes afirmou que as crianças são “o grupo populacional que tem uma baixa taxa de infeção” e quase nenhuma taxa de gravidade, explicando que o principal se prende com o risco de transmissão na comunidade.

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública também realçou o facto de haver “poucos casos descritos em crianças e casos severos ainda menos”.

“Não é desdramatizar, mas é importante que as pessoas tenham essa perceção que, do ponto de vista do novo coronavírus, com os dados que temos até ao momento, as crianças não são dos grupos mais vulneráveis”, disse Ricardo Mexia.

Segundo Filipe Froes, as autoridades de saúde irão certamente agora avaliar cada criança exposta, para avaliar o tipo de exposição.

“A maior parte das situações provavelmente são de risco muito baixo, até porque ela [a professora] esteve quase assintomática quando estava a dar aulas”, disse, explicando que, na quase totalidade das situações, o risco de contágios acontece durante a fase sintomática.

“Embora não se possa afirmar isto a 100% para efeitos de transmissão significativa na comunidade, aceita-se que só numa fase sintomática é que esse risco deve ser considerado”, sustentou Filipe Froes.

Certamente vão ser adotadas também “medidas de desinfeção” que põem fim a qualquer risco de exposição ao vírus, que é facilmente eliminado das superfícies com álcool, lixívia ou detergente.

Sobre os comportamentos que as escolas devem adotar quando é detetado um caso, Ricardo Mexia disse que as orientações são genéricas para a questão dos contactos.

“Perante um caso suspeito, é feito o encaminhamento para o hospital de referência, o respetivo diagnóstico e sendo confirmado é ativada a vigilância dos contactos, em particular dos contactos próximos”, explicou o médico.

Relativamente à escola ter de fechar, Ricardo Mexia disse que “terá que ser uma decisão caso a caso, em função da exposição que houve, da dimensão da escola, de um conjunto de circunstâncias”.

Para Ricardo Mexia, “é importante que o procedimento seja clarificado por todas as entidades para depois não haver assimetrias que possam complicar o controle do surto”.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje para nove o número de casos confirmados em Portugal.

Sobre o número crescente de casos em Portugal, Filipe Froes disse que isso traduz que vai haver mais casos. “O que é que isso significa? Que o vírus está a fazer aquilo que lhe compete”.

Os serviços de saúde e a população também tem de fazer o que lhe compete que “é diminuir o risco de transmissão, identificar precocemente os doentes, conter a infeção”, defendeu.

Ricardo mexia também reforçou a mensagem de que “está ao alcance de todos fazer alguma coisa em relação ao controle deste surto”, como lavar frequentemente as mãos e tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir com lenço de papel ou com o braço.

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