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Madeira

Pais não devem deixar as crianças “este tempo todo sem actividades”

Educadora de infância apela à criatividade dos pais em criar “rotinas não desfasadas” do normal

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Neste longo período que se avizinha sem aulas e de quase ‘recolher obrigatório’, a educadora de infância Isabel Garcês dá ideias e sugestões de como os pais e ou encarregados de educação devem passar o tempo com os filhos.

Antes de propor um leque de actividades para diferentes estruturas do seio familiar, a profissional considera que “os pais deverão primeiro esclarecer as suas crianças, face o seu entendimento e idade, do que está a acontecer. Toda esta mudança na vida das crianças tem que ter um sentido para elas. Importa por isso conversar e explicar dentro daquilo que é possível e compreensível para as suas crianças, para elas perceberem o porquê de terem de ficar tanto tempo em casa”.

Quanto à ocupação a dar aos filhos, ressalva o quão é importante que a pessoa que ficar com a criança tenha a noção que será necessário dedicar parte do tempo a estar presente nas actividades com os mais novos. “Porque geralmente quando estão em casa com os pais, os pais estão atarefados com a vida familiar e afazeres domésticos, mas sobretudo nesta fase seria importante que os adultos dedicassem um bocadinho do dia, não é necessário estar em actividade o dia todo, mas que tivesse uma parte do dia em que estivessem ocupados com uma actividade mais centrada e acompanhada pelo adulto. Porque senão, a criança é deixada no seu brincar livre, muitas vezes a ver televisão – não quer dizer que não o faça, mas não o dia todo – e isso não é o melhor para a criança”, adverte.

Na opinião desta educadora, importa “cada família pensar nas estruturas que terá no seu seio familiar” porque as opções de usufruto não serão as mesmas para uma família que tenha espaços exteriores, ou seja, que viva numa ou vivenda, em relação a uma família que vive num espaço mais restrito, como os apartamentos “em que muitas vezes o acesso exterior é a varanda”, compara.

Para quem dispõe de ‘quintal’ ou outro espaço exterior Isabel Garcês desafia os pais a “rentabilizar o máximo possível esses espaços com brincadeiras ao ar livre”. Desde “jogar à bola, andar de bicicletas ou mesmo ensinar a criança a saltar à corda, visto que hoje em dia é uma das metas do 1º Ciclo”, lembra. Para quem tiver jardim “fazer jardinagem” é outra boa ocupação. “Estamos na altura que se inicia a Primavera e as crianças também poderão colaborar com os pais, nem que isso implique sujar-se, porque também é importante ter esse contacto com a terra”, reforça. Em suma, “os que tiverem essa possibilidade, dar primazia às actividades no exterior”, apela.

Já “aqueles que infelizmente não tem ao seu dispor espaço físico que o permita e que estão mais confinados a um espaço de um apartamento” pede aos pais que não deixem as crianças “este tempo todo sem actividades”. Lembra que “as crianças até aos cinco anos têm necessidades de movimento muito grandes”. Reconhece por isso que “mantê-los dentro de casa durante várias semanas, é um longo período que obrigará os pais a serem muito criativos”.

Desde logo aconselha que tentem centrar-se “essencialmente naquilo que ele (filho) gosta”. De forma generalizada, a Educadora recomenda que nos casos da criança gostar muito de histórias, “os pais ou aquele que ficará com a criança deverá dar enfase a essa actividade”. Os jogos e os legos são outras boas opções de entretenimento, o que não invalida que “depois os pais possam conduzi-los para outras actividades que não é habitual realizar-se em casa”. Dá o exemplo da “germinação, que acho que é uma coisa que as crianças pequenas têm muito prazer e que é tão fácil. Basta molhar grãos, pode ser com algodão embebido em água, e ver o processo da germinação”.

“O prazer da descoberta” proporcionada nas actividades relacionadas com as ciências pode também ser explorado, colocando “dentro de uma taça de água objectos da cozinha ou brinquedos para ver os que flutuam ou não”.

Fantoches com meias velhas ou mesmo com sacos de papel do pão, rever e reorganizar fotografias de quando bebés e “levá-los a participar nessa escolha, nessa seleção, também como forma de reviver esses momentos em família e fazer pinturas” são alternativas. No caso das pinturas, a Educadora de Infância destaca que “as crianças pequenas gostam de pintar com aguarelas” ou mesmo “brincar com café. É uma experiência que eles não estão habituados, mas a pintura com café tem efeitos bonitos e as crianças geralmente gostam”.

E porque não “construir bolas através de meias”, num apelo à criatividade na construção dos próprios brinquedos. “Através das caixas de cereais criar jogos como o jogo do galo”.

Sugere também “recortes que é uma coisa que na idade pré-escolar é muito importante e que estimula a motricidade fina. Com a vantagem que quando é só um adulto a controlar uma criança é muito mais fácil o controlo para que ela aprenda a recortar. E isso pode ser feito com vários materiais, nomeadamente jornais, revistas e embalagens”, diz.

Outra forma interessante de brincar aprendendo é a “plasticina caseira que se chama massa de cor. É uma coisa fácil que eles também gostam que faz-se com farinha, água, óleo alimentar e corantes. Depois fica tipo uma plasticina que pode ser reutilizada colocando no frigorífico coberta com película aderente”, explica.

Isabel Garcês assegura que “há uma infinidade de opções”, haja criatividade ou então, basta pesquisar na internet onde é possível encontrar “uma panóplia de orientações”.

Desaconselhável “de todo” é recorrer aos espaços públicos. Inclusive aos parques infantis que nesta fase também não devem ser frequentados. “Mesmo nos parques infantis que muitas vezes existem em condomínios fechados, se existirem muitas crianças e adultos, também não aconselharia”.

Isabel Garcês tem plena consciência que os dias que se avizinham “não será fácil também para os pais”, mas com imaginação e criatividade, espera que aqueles que tiverem à sua guarda criança recomenda que procurem diariamente realizar “actividades diversificadas” com os filhos, de preferência e dentro do possível, com “rotinas não desfasadas” do que era habitual.

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