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Pelo menos 48 mortos em violência tribal na região sudanesa do Darfur

FOTO EPA
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O Crescente Vermelho sudanês anunciou hoje que recuperou pelo menos 48 cadáveres de vítimas dos conflitos tribais na região de Darfur, entre uma tribo africana e grupos árabes na zona, tendo prestado auxílio a mais de 160 feridos.

Num comunicado, a organização humanitária referiu que 48 corpos foram enviados para a morgue do hospital da cidade de Al Geneina, capital do estado de Darfur Ocidental, e que os seus trabalhadores prestaram primeiros-socorros a 167 pessoas.

Da mesma forma, as equipas do Crescente Vermelho transportaram 55 feridos para o mesmo hospital, sendo que outros 19, que estavam em estado grave, foram levados ao aeroporto para serem enviados para a capital sudanesa, Cartum.

Estes mortos e feridos resultam de um conflito que teve início no passado domingo, com a morte de um jovem pertencente a uma das tribos árabes na zona a desencadear um conflito entre esta e uma tribo africana rival.

Esta rivalidade resultou em actos de sabotagem e incêndios num campo de deslocados africanos.

Entretanto, milhares de pessoas manifestaram-se hoje em Cartum para contestar a violência e o tribalismo no Darfur Ocidental, de acordo com a agência Efe.

Os manifestantes criticaram a violência na região, que é palco de um conflito iniciado em 2003 e que continua activo.

O primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, e o vice-presidente do Conselho Soberano, o general Mohamed Hamdon Dagalo, chegaram na quarta-feira a Al Geneina para analisar a situação, numa tentativa de pacificar todas as regiões do país.

O Governo de transição do Sudão, composto por civis e militares e criado após a destituição do anterior Presidente, Omar al-Bashir, em Abril do ano passado, decidiu enviar para a região reforços das forças militares e de segurança para tentar conter a violência.

À chegada a Al Geneina, Hamdok foi alertado pelo Comité dos Campos de Deslocados, que destacou a importância do desarmamento das tribos de Darfur.

Na segunda-feira, os grupos rebeldes sudaneses que negociavam com o Governo do Sudão do Sul, incluindo as facções que actuam no Darfur, suspenderam as conversações devido à violência, sendo que não houve nova ronda negocial.

Dois grupos insurgentes do Darfur recorreram às armas em 2003 para protestar contra a pobreza e a marginalização sofrida pelos habitantes desta região, iniciando uma guerra com Cartum e que desde então matou mais de 300.000 pessoas e causou mais de 2,5 milhões de desalojados, de acordo com as Nações Unidas.

Nos últimos anos a violência tem diminuído, mas o território continua a ser palco de confrontos esporádicos entre os clãs mais próximos de Al-Bashir - que tentou arabizar a região - e os rebeldes que continuam a empunhar armas contra Cartum.