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435 euros para o cuidador

O CDS já anda, há meses, a falar da necessidade de se criarem condições na Madeira, para que os cuidadores informais passem a receber um apoio financeiro, enquanto cuidam das pessoas que venham a recorrer aos seus serviços. Temos dito e repetido, pois é para nós de inteira justiça, que um INDEXANTE DOS APOIOS SOCIAIS, denominado IAS, cujo montante ronda os 435,76 euros seja um valor razoável para poder ser atribuído a todos aqueles que, após formação adequada, possam adquirir o estatuto de cuidadores informais na Região! No continente o CDS defende, na sua proposta de lei, que haja um pagamento por via contratual! As esquerdas, quer na Madeira quer na Assembleia da República pretendem, apenas, que os cuidadores informais tenham alguns direitos, mas nada propõem -ou até se opõem- quanto à possibilidade dos cuidadores informais usufruírem de um apoio financeiro! Curiosamente, entre nós, ainda ninguém conhece qual é a posição do candidato do partido socialista às eleições regionais de 22 de Setembro a este respeito! Os factos demonstram que na Madeira existem cerca de 600 altas problemáticas nos hospitais regionais e cada cama destas altas problemáticas representa um custo ao sistema regional de saúde na ordem dos 180 euros, ou seja 108.000 euros por dia, 3 milhões duzentos e quarenta mil euros por mês! Se, pelos menos metade dessas altas problemáticas, forem resolvidas, levando os idosos para casa, sendo apoiados por um cuidador informal, recebendo este os 435 euros que o CDS propõe, todos ficarão a ganhar, quer o idoso quer o orçamento regional. Por um lado, o idoso terá o aconchego de um familiar ou de um amigo que o acompanhará diariamente; por outro libertar-se-ão centenas de camas hospitalares para que outros doentes as possam utilizar, representando, também, uma redução de custos para o sistema regional de saúde! O PSD e o Governo Regional, através da proposta que já é pública relacionada com o Estatuto do Cuidador Informal, faz depender das condições económicas das pessoas que prestem os cuidados informais, receberem ou não um apoio financeiro! Ou seja, para exemplificar, suponhamos que um determinada pessoa tem um familiar idoso numa das tais 600 altas problemáticas do hospital e, havendo um incentivo financeiro para cuidar dele, resolve trazê-lo para casa; se a segurança social regional concluir que ele não pode receber qualquer incentivo financeiro, pois tem condições de recurso, fica excluído desse apoio e, provavelmente, a consequência é que o idoso irá continuar a ocupar uma dessas 600 camas do hospital! Com a proposta do CDS em atribuir 435 euros a todos aqueles que, sem condicionalismos ou exceções, queiram tratar dos seus idosos, a solução estará encontrada, pois com toda a probabilidade, serão libertadas dezenas ou até centenas de camas das altas problemáticas! Esta proposta do CDS, será até uma forma de dar dignidade tanto ao idoso como ao cuidador informa! Muitas mais pessoas do que aquelas que já existem atualmente na Região e que têm vocação para a área dos cuidados continuados e paliativos, poderão optar por se tornarem cuidadores informais se houver incentivos financeiros! Veremos se o PSD aprovará a proposta do CDS dos 435 euros ou se limitará, tal como sucedeu recentemente com o Estatuto do Voluntariado, a atribuir apenas um CRACHÁ aos novos cuidadores informais? Se assim for, estamos conversados e o problema das altas problemáticas irá persistir!