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Clima domina agenda paralela da conferência da ONU em Madrid

A 06 de Dezembro realizar-se-á uma ‘Marcha pelo Clima’, seguida nos dias seguintes por uma contra cimeira social paralela à Cimeira sobre as Alterações Climáticas

A ‘Cimeira Social pelo Clima da COP25 de Madrid’ vai realizar-se na Universidade Complutense de Madrid de 07 a 13 de Dezembro. FOTO Reuters
A ‘Cimeira Social pelo Clima da COP25 de Madrid’ vai realizar-se na Universidade Complutense de Madrid de 07 a 13 de Dezembro. FOTO Reuters

Uma “Marcha pelo Clima” a 06 de Dezembro seguida nos dias seguintes por uma contra cimeira social vão dominar a agenda paralela à Cimeira sobre as Alterações Climáticas da ONU de 02 a 13 de Dezembro em Madrid.

A chamada “Zona Verde” da 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas é um espaço dentro do recinto onde se vai realizar a grande cimeira e onde a sociedade civil vai poder “expressar-se de forma interactiva, participativa e inclusiva”, com o objectivo de “gerar conteúdo em relação à acção climática”, segundo a organização.

Este espaço “verde” com cerca de 3.000 metros quadrados “abertos durante toda a conferência” é paralelo à “Zona Azul”, um local administrado pelas Nações Unidas, onde serão realizadas as sessões de negociação da COP25.

Segundo o Governo espanhol, pretende-se “incentivar a máxima participação através do diálogo, conscientização e tomada de decisões compartilhadas”, envolvendo “governos locais, instituições públicas e privadas, administrações, empresários, ONG, empresas, universidades, povos indígenas e jovens”.

Mas fora dos locais oficiais da conferência e da agenda oficial, as organizações cívicas e sociais também organizaram uma “contra-cimeira” para dar uma resposta “combativa e de classe” à crise climática.

A “Cimeira Social pelo Clima da COP25 de Madrid” vai realizar-se na Universidade Complutense de Madrid de 07 a 13 de Dezembro, tendo já assinado o manifesto posto a circular dezenas de organizações europeias, entre as quais as portuguesas 2degrees artivism, A Coletiva, ATERRA, Climáximo, Extinction Rebellion Coimbra, Greve Climática Estudantil, PTrevolutionTV, TROCA- Plataforma por um Comércio Internacional Justo, Youth for the Future e ZERO -- Associação Sistema Terrestre Sustentável.

Antes do início desta contra-cimeira haverá uma manifestação que começa às 18 horas de 06 de Dezembro em Atocha, no centro de Madrid, coincidindo com as mobilizações previstas também no Chile.

Segundo o manifesto de convocação da cimeira social, é preciso “desmascarar a hipocrisia dos governos que vêm fracassando há décadas nas negociações climáticas”, ao mesmo tempo em que são assinados tratados comerciais e de investimento como “ferramentas de dominação do capital”, visando perpetuar o “desequilíbrio de poder que permite o luxo de poucos à custa do sofrimento da maioria...”.

Um “centro de convergência” para reuniões, assembleias, pequenos eventos e contacto com a imprensa também vai estar disponível de 02 a 13 de Dezembro no centro de Madrid.

O conhecido Passeio da Castelhana, a maior e mais larga avenida de Madrid, que atravessa a cidade desde o centro para norte, vai ter um espaço “versátil” que será utilizado para a “participação social”.

As autoridades espanholas consideram que as acções dos grupos ambientalistas não são, em princípio, violentos nem geram problemas de segurança, mas estão conscientes de que alguns grupos radicais possam aproveitar para realizar desacatos durante um evento de 12 dias com projecção internacional que reúne 195 países.

A inauguração da COP25 em 02 de dezembro vai ser um dos dias mais complicados em termos de segurança pois haverá uma grande concentração de dirigentes governamentais vindos de todo o mundo para dar o “pontapé de saída” da conferência, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa.

Um dos rostos mais mediáticos de todos estes movimentos cívicos e sociais que alertam para as consequências devastadoras do aquecimento geral do planeta é o da jovem activista sueca Greta Thunberg, mas é ainda incerto se vai conseguir chegar a tempo para participar nos muitos eventos previstos no programa oficial e no paralelo.

A ambientalista partiu em 13 de Novembro do porto norte-americano Salt Ponds, no Estado de Virgínia, num catamarã, uma vez que não viaja de avião por causa da emissão de poluição que implica, prevendo chegar a Lisboa, a caminho de Madrid, “no início de dezembro”.

Greta Thunberg está convidada para participar numa sessão na Assembleia da República promovida pela comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.

Entretanto, a Junta da Extremadura, região espanhola, colocou à sua disposição um carro eléctrico para que possa viajar de Lisboa para Madrid de uma forma respeitosa para o meio ambiente.