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Acabou a brincadeira

As placas estão a ser desmontadas, já não cheira a bolo do caco pelo Golden dentro (coisa de pobre), a panela de ferro da aldeia etnográfica já arrefeceu depois de um mês acesa e a receber as gotas de suor da mulher que a mexia, os “carrinhos” deixaram de conspurcar a vista da principal entrada da cidade. É hora de voltar ao trabalho, ao ginásio, o lugar mais desejado de Janeiro depois da empresa de cartões de crédito e à rotina.

O pessoal já se sentou, nesta segunda semana do ano, a ver a possibilidade de fazer umas pontes nos feriados, que este ano até dão para fazer umas férias alargadas.

Voltemos ao trabalho, às saídas para o café meia hora depois de entrar no trabalho, de porta-moedas debaixo do braço e passo acelerado para chegar primeiro ao diário que estará certamente abandonado em cima de uma mesa.

Com eleições à porta (três em cinco meses, duas delas separadas 15 dias) vai ser um verão quente. Escaldante, diria eu, depois do termómetro que em Maio vai medir a simpatia do povo pelo partido A ou B.

Agora que já não precisamos de nos levantar cedo para ir às missas do parto, podemos sempre ficar mais um pouco na cama a planear a que arraiais podemos ir, o que faremos na tolerância de ponto do Rali Vinho Madeira, prova que interessa à maioria apenas pela folga, quanto custam as viagens de inverno no Lobo Marinho até Junho para passarmos o fim de semana no areal e, não tarda nada, volta a questão do ferry do Verão que vem e não vem, os tímidos ajuntamentos no porto do Funchal e a gritaria do costume nas redes sociais, porque ao vivo, cá te viste.

Como novidade para a coleção de 2019, fica a abertura do Hospital Particular, que vai receber os mais rasgados elogios, cair em graça nos primeiros meses e ver quanto tempo demora a chegar a primeira crítica porque alguém vai ouvir a empregada dizer que a amiga da prima foi mal atendida. Resta saber quanto tempo vai demorar o namoro dos madeirenses com a nova unidade e quantos “diz que disse” vão aparecer nas bocas do mundo quando descobrirem a primeira falha e a publicarem, seja verdade ou não, nas redes sociais.

Vamos estar cá para ver. Isso e tudo aquilo que o calendário reserva para este ano de 2019, onde a rotina dos madeirenses é mais previsível do que os três resultados eleitorais. Vamos poder entreter-nos com as tiradas das campanhas, trinta dias ao todo e mais os outros de pré-campanha que já começaram, vamos poder apreciar o jet-oito do burgo a viver uma vida que não é a sua, mas a que queriam e poder rezar para chegar depressa o dia em que começa a Festa. Para descansarmos de tanta atividade...