Ainda sobre “o trabalho das 9 às 17h”

Se há alguém que percebe da “actividade das empresas e do esforço dos seus trabalhadores” é o Dr. Pedro Calado. Não é meu familiar mas foi meu aluno durante alguns anos. Acompanhei, portanto, o seu percurso como estudante e acompanhei-o na sua carreira profissional. Ele enquanto estudante já trabalhava, depois trabalhou numa empresa estrangeira que não tem horário de trabalho. Recentemente, trabalhou numa empresa com um alto grau de exigência e que espera muito dos seus funcionários. Portanto, se há alguém que possa exortar os jovens a estarem preparados para terem um horário que vai para além das 9h às 17h, ele é uma delas. Claro que dizer das “9 às 17” é uma força de expressão.

Sou de uma geração em que as pessoas em geral estavam habituadas a viver com pouco e gradualmente fomos abrindo caminho por nós próprios, vencendo obstáculos, atingindo metas. Hoje, como os pais se sacrificam para tudo dar aos filhos, estes nem sempre estão preparados para a vida que terão de enfrentar. Os jovens de hoje têm a vida muito facilitada desde crianças e como profissionais esperam ter as mesmas facilidades, criam expectativas altas que cada vez mais são difíceis de atingir. Nem sempre são educados para a responsabilidade, nem sempre estão preparados para enfrentar as exigências de uma profissão, não estão preparados para vencerem os obstáculos. O que é mais grave é que hoje privilegia-se a cultura do “ter” e não do “ser”.