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Plataforma em desenvolvimento no Porto ajuda a prevenir ataques cardíacos

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Investigadores do Porto estão a desenvolver uma plataforma que analisa a variação dos fatores associados aos ataques cardíacos e relaciona-os com o ciclo circadiano dos utilizadores, permitindo aos profissionais de saúde prever essas situações e atuar atempadamente.

O ciclo circadiano corresponde ao período de aproximadamente 24 horas sobre o qual baseia-se o ciclo biológico dos seres vivos, sendo influenciado, entre outros fatores, pela variação de luz, da temperatura, das marés e dos ventos entre o dia e a noite.

“O ciclo circadiano tem sido cada vez mais um objeto de estudo entre a comunidade científica, com o intuito de compreender a sua influência na saúde humana”, disse à Lusa o investigador Samuel Cardoso, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto.

Exemplo disso, contou, é a mais recente atribuição do prémio Nobel da Medicina 2017 aos investigadores Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young, pelas descobertas de mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.

Neste sentido, “modular o ciclo circadiano poderá ser uma mais-valia na compreensão do mecanismo de ação de hormonas que influenciam determinadas doenças”, indicou.

De acordo com o investigador, o modelo em desenvolvimento permitará estudar a oscilação diária dos fatores que influenciam os ataques cardíacos do miocárdio, como a viscosidade do sangue, a temperatura do corpo, as concentrações hormonais e os neurotransmissores.

Através da análise dessa oscilação, será possível verificar, para cada indivíduo enquadrado num determinado grupo de risco, a hora de mais risco para ter um ataque cardíaco, permitindo, assim, uma atuação preventiva.

Este modelo “será importante no sentido de permitir aos docentes de saúde aplicar medidas estratégicas de atuação para doenças cardiovasculares, que são a maior causa de morte em Portugal”, acrescentou.

Numa primeira fase, o objetivo é que a plataforma seja utilizada por professores e alunos, em atividades letivas. Adicionalmente, a equipa espera que esta tecnologia possa ser útil para profissionais de saúde, como ferramenta preditiva ou de apoio à decisão.

Os próximos passos no projeto, segundo os investigadores, passam por validar o modelo, disponibilizando-o de seguida num servidor associado à Universidade do Porto e ao ICBAS.

Neste trabalho colaboram igualmente as investigadoras Cláudia Maçães, Leonor Varanda e Sofia Nogueira, sendo orientado pelos professores Daniel Ribeiro e Jorge Machado, que lecionam no Mestrado Integrado de Medicina do ICBAS.