Crónicas

Tiroteios, Sondagens e um AJJ fulo

Depois da sondagem que dava Cafôfo a valer mais do que Miguel Albuquerque, na passada semana tivemos mais umas quantas. Na primeira delas o PSD posicionava-se como possível vencedor das eleições regionais se estas se realizassem agora.

1. Disco: esta semana o pop quase que melancólico dos Hookworms. O álbum dá pelo nome de “Microshift” e, mesmo não trazendo nada de novo para a história da música, sabe muito bem ouvi-lo.

2. Livro: ando com as leituras meio atrasadas. Daí recuperar um livro que já li há algum tempo: “O Olimpo dos Desventurados” de Yasmina Khadra. Uma viagem à miséria humana pejada de conceitos que nos abrem a alma.

3. Filme: “Lady Bird” de Greta Gerwig. Única e exclusivamente pela brilhante interpretação de Saoirse Ronan. É daqueles filmes que acabam de repente e uma pessoa fica: “só isto?”.

4. Sinto-me enojado, mal disposto, agoniado.

Tentem fazer um exercício de imaginação. Fechem os olhos e vejam a seguinte cena: os vossos filhos no pátio da escola que frequentam. As brincadeiras do costume entre crianças/jovens típicas dessas idades. Alguns, nas salas, têm aulas. Outros caminham com passo decidido pelos corredores como quem sabe ao que vai. Os professores ensinam. Os auxiliares auxiliam. De repente um matraquear inusitado. Crianças que correm e berram em pânico. São tiros. De uma arma automática. Um jovem, igual a todos os outros, empunha-a e dispara desalmadamente em todas as direcções. Corpos caem, sangue jorra, vidas acabam.

Isto nunca aconteceu entre nós e, muito provavelmente, nunca acontecerá. Vivemos num cantinho do céu. Mas num mundo global como o nosso o que aconteceu na passada semana na Flórida é como se tivesse acontecido no nosso quintal. É a globalização mediática. O que acontece agora aqui sabe-se do outro lado do mundo em minutos.

Tenho uma enorme dificuldade em entender um país onde não é possível um jovem, com menos de 21 anos, comprar álcool mas é-lhe permitido comprar armas. Tenho uma enorme dificuldade em entender um país que não discute o assunto do livre acesso e porte de arma como uma questão crucial à paz dos seus cidadãos. Tenho uma enorme dificuldade em entender um país que vê fantasmas de uma ameaça externa nos refugiados e tem o seu maior problema de violência entre os seus cidadãos. Tenho uma enorme dificuldade em entender um país cujos governantes e decisores políticos se agachem a um lobby. Tenho uma enorme dificuldade em entender um país que elege uma “coisa” como Donald Trump como seu presidente.

Não entendo. Recuso-me a entender.

5. No passado dia 13, fez 53 anos que foi brutalmente assassinado pela PIDE um grande português: Humberto Delgado. Mais uma vítima da ditadura que fez deste país o que ainda hoje é. Aqui fica a minha homenagem já que a imprensa portuguesa, na sua maioria, se esqueceu de um dos heróis da nossa democracia.

6. Já passou quase uma semana e ainda não consegui entender porque é que no dia 14 de Fevereiro se comemoram ao mesmo tempo o Dia dos Namorados e o Dia Europeu da Disfunção Sexual...

7. Depois da sondagem que dava Cafôfo a valer mais do que Miguel Albuquerque, na passada semana tivemos mais umas quantas. Na primeira delas o PSD posicionava-se como possível vencedor das eleições regionais se estas se realizassem agora. Claro que muitos baixaram a crista que tinham bem levantada uma semana antes e passaram a achar que as sondagens “valem o que valem”. Leram-se justificações para todos os gostos e de todos os feitios. E foi com cada uma... qual delas a mais denunciadora de quem anda a olhar para dentro pelo único sítio disponível para o fazer...

Merecedor de destaque é que este PS de “Me e Mini-Me” vale tanto como o PS de Carlos Pereira.

Que esta sirva para que se reposicionem egos e que se deixe de acreditar em messias e predestinados.

Trabalho, boa política e a respectiva governança é o que se pede, porque os eleitores não são idiotas. Por mais que uns tantos persistam em os tratar como tal.

Outra sondagem indicou que a solução “caranguejola”, coligação PSD / CDS, era a mais apetecida.

E outra ainda que Albuquerque é o preferido para continuar a presidir aos destinos do PSD Madeira.

8. Na Assembleia da República a dupla de castiços António Costa/Carlos César, acusou a Madeira de ter contribuído decisivamente para um aumento do défice. O Governo Regional demorou a reagir. Como isto agora é um “modismo” da política (ou não se reage ou reage-se tardiamente) passou-me pela cabeça se não seria a LPM que estava também a fazer a comunicação do Governo Regional.

Depois lá veio Miguel Albuquerque acusar o partido de Costa de ter sido o responsável pela intervenção da troika. E fê-lo com a propriedade de quem é o dirigente do partido responsável pelo PAEF, da triste memória, que pôs os madeirenses a pagar duas bancarrotas. Querem lá ver que aqueles 6 mil milhões de dívida escondida foi responsabilidade do Divino Espírito Santo?

Finalmente Pedro Calado, com a dureza de quem acha que tem a razão do seu lado, mostrou um erro de leitura do Primeiro Ministro e exigiu as merecidas desculpas a todos os madeirenses que ao invés de carregarem com uma canga, têm carregado com duas.

Um dia também ficava bonito o PSD Madeira pedir desculpa a todos nós pelos desmandos do passado que nos levaram ao malfadado PAEF.

9. Alberto João Jardim deu uma entrevista à TSF onde disse não estar desiludido nem satisfeito com o Governo de Miguel Albuquerque, mas sim fulo. Fulo, irritado, zangado. Mais um episódio de que, aos poucos, AJJ vai-se cada vez mais oposicionando.

10. Já escrevi inúmeras vezes que é preciso ter cuidado porque há muita gente que olha os partidos como se estes fossem clubes de futebol. Agora deparamo-nos com uma outra maneira de ver as coisas: andam aí uns muitos que acham que os clubes de futebol são como os partidos. Misturar racionalismo com algo de irracional nunca dá bons resultados.

11. E para acabar o Congresso Nacional do PSD de onde se destaca um Santana Lopes do costume, um Montenegro em bicos dos pés e um enorme presente envenenado a Rui Rio.

12. À volta do Observador há um projecto politico. À volta e dentro do Observador navegam uns quantos cujo projecto é tomar de assalto o PSD. Veja-se o interessante “Carpool” onde só se sentaram passistas e críticos de Rui Rio. Veja-se a constante tentativa de colar o novo presidente do PSD a um hipotético acordo com o PS facilmente verificável no espaço de opinião deste órgão de comunicação.

Por detrás disto estão forças neoliberais perfeitamente identificadas a quem faltam tomates para constituir um partido e ir à luta. É-lhes mais fácil fazer assim. Se o PSD não se põe a pau vai ser PRDrizado. Nesse futuro PSD não vai haver lugar nem para sociais-democratas, nem para personalistas e muito menos para liberais. Os dados foram lançados por Montenegro e Cia., e por detrás têm este influente e muito lido órgão de comunicação online.