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Publicação anónima sobre Donald Trump gera controvérsia entre altos funcionários

Foto EPA
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O anonimato de um alegado alto funcionário da equipa de Donald Trump, que escreveu um artigo no The New York Times de hoje sobre a alegada resistência interna na Casa Branca, instalou a controvérsia nos Estados Unidos.

A Agência France-Presse escreve que a identificação do “cobarde”, como foi chamado por Donald Trump, na Casa Branca, ocorre num “estranho clima de suspeita e paranoia”, enquanto meios norte-americanos se referem à corrida pela identificação do autor como “maluca”.

Vários altos funcionários já negaram a autoria, como Mike Pence, vice-presidente, Dan Coats, diretor da Inteligência Nacional, e Mike Pompeo, Secretário de Estado, que se encontra em visita à Índia.

Ainda o secretário da Casa Branca, Ben Carson, o Secretário do Tesouro, Steve Munich, e o diretor orçamental, Mick Mulvaney, entre outros, negaram o envolvimento nesta publicação.

A formulação utilizada pelo The New York Times “alto responsável da administração Trump”, deixa margem de interpretação, abrindo possibilidades sobre o autor estar inserido no círculo próximo de Donald Trump ou fazer parte de um ministério, enquanto se apresenta como porta-voz de um grupo que tenta combater algumas políticas mais gravosas do Presidente.

A primeira-dama, Melania Trump, atacou o autor anónimo, considerando está a “sabotar” o país, ao contrário de o proteger, como reivindicava no artigo de opinião.

“Ao autor do artigo: Não está a proteger o país, está a sabotá-lo com atos cobardes”, escreveu a Primeira dama, num comunicado divulgado pela cadeia de televisão CNN.

Melania Trump lamentou que as fontes não identificadas se tenham tornado predominantes e “maioritárias nos dias de hoje”, em defesa do marido, que tem expressado convicções muito negativas sobre a imprensa.

Mike Pence é um nome considerado plausível pelos comentadores, devido à utilização da palavra “lodestar” no texto, uma palavra pouco comum, que significa guia ou referência e que o vice-Presidente usa regularmente.

O diretor do gabinete de comunicação de Mike Pence, Jarrod Agen, escreveu um tweet hoje de manhã, afirmando que “O vice-Presidente escreve o seu nome nos artigos de opinião. O The New York Times devia ter vergonha, tal como a pessoa que escreveu o artigo falso, ilógico e cobarde. O nosso gabinete está acima de ações tão amadoras”.

O antigo diretor da CIA, John Brennan, um crítico de Trump, considerou que o artigo é de “insubordinação ativa... nascida da lealdade pelo país”.

“Não é sustentável haver um órgão executivo em que os funcionários não seguem as ordens do chefe executivo”, comentou John Brennan, no canal televisivo NBC.

“Acho que as coisas vão ficar piores antes de melhorarem. Não sei como Donlad Trump vai reagir a isto. Um leão ferido é um animal muito perigoso, e acho que Donald Trump está ferido”.

Um alto funcionário da Casa Branca escreveu sob anonimato um artigo de opinião para o The New York Times, revelando que existe um grupo de quadros que trabalha para anular algumas políticas do Presidente Donald Trump, que, segundo o mesmo, não tem moralidade.

No artigo, o referido responsável diz fazer parte da “resistência interna” que trabalha para frustrar “as piores inclinações” do Presidente norte-americano.

A publicação do artigo veio denegrir ainda mais a imagem de Donald Trump, esta semana, depois da publicação de trechos do novo livro de Bob Woodward sobre o Presidente norte-americano, intitulado “Fear” (Medo), que vai ser publicado nos Estados Unidos a 11 de setembro.