Mundo

‘Hard Brexit’ custaria 2,3 mil milhões de euros por semana

None

Uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acesso ao mercado único - ‘hard Brexit’ - custaria ao país 2 mil milhões de libras por semana (2,3 mil milhões de euros), segundo uma campanha lançada hoje.

Um autocarro vermelho com a inscrição “Vale a pena?” partiu hoje de Westminster, no centro de Londres, e vai percorrer a Grã-Bretanha nos próximos oito dias para apresentar ao público o “preço exorbitante” e outras consequências negativas do ‘Brexit’.

“Há tanta informação nova sobre os custos do ‘Brexit’. Temos de apresentar os factos às pessoas e deixá-las decidir por si próprias”, explicou Virginia Beardshaw, da organização desta campanha contra a saída da UE.

O autocarro, comprado através de ‘crowdfunding’ (financiamento coletivo), ostenta também uma inscrição com aquele valor, calculado a partir de uma estimativa do próprio governo de que a saída da UE, incluindo do mercado único e da união alfandegária, teria um impacto de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos 15 anos, o que corresponde a 2 mil milhões de libras (2.262.000 de euros) por semana.

A estimativa consta de um relatório oficial que não foi publicado, mas cujo conteúdo foi conhecido depois de ter sido apresentado pelo governo aos deputados a 07 de fevereiro.

A campanha é iniciativa de um grupo de cidadãos britânicos com sede em Londres, “Camden for Europe”, que recebeu apoio de políticos como Tom Brake, deputado liberal-democrata, Chuka Umunna, deputado trabalhista, ou Martha Lane Fox, membro da Câmara dos Lordes.

Também Gina Miller, a empresária que levou o governo britânico a tribunal para o obrigar a submeter o ‘Brexit’ a votação no Parlamento e fundadora da organização “Best for Britain”, esteve presente no lançamento da campanha.

A ideia de recorrer a um autocarro com aquela inscrição é uma resposta à campanha do “Leave” (Sair) para o referendo de junho de 2016, que utilizou um autocarro com uma inscrição defendendo que os 350 milhões de libras (396 milhões de euros) que Londres pagava à UE por semana deviam antes servir para financiar o sistema de saúde britânico.

Aquela verba foi inflaccionada, uma vez que a contribuição britânica para a UE é cerca de metade, mas prendeu a atenção da opinião pública e muitos consideram que ajudou à vitória do “Sair”.

Tom Brake explicou hoje que a iniciativa é uma maneira de “recordar às pessoas as mentiras ditas antes do referendo por pessoas como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson”, que foi um dos rostos da campanha pela saída da UE.

No referendo de 23 de junho de 2016, 52% dos eleitores votaram pela saída da UE e 48% pela permanência no bloco que o Reino Unido integra há 40 anos.

Após um período de negociações de dois anos, a data da saída está prevista para 29 de Março de 2019.